Pesca de lagosta terá controle eletrônico

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Para evitar a captura na época de reprodução do crustáceo, há dois projetos de R$ 3,2 milhões


   
Entidades ligadas à inovação estão investindo em soluções produzidas no Ceará para resolver problemas locais. O Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação (ITIC) deve aplicar mais de R$ 3 milhões em dois projetos de monitoração eletrônica da pesca da lagosta, um dos principais produtos de exportação do Estado, para zerar a captura predatória do crustáceo. Já o recém-criado Instituto InfoBrasil de Inovação Digital pretende aproveitar a mão de obra local em grandes empresas da região e acompanhar, durante um ano, a carreira de jovens estudantes da rede pública de ensino em setores como web design e desenvolvimento de software.

 

Nos últimos dois meses, o ITIC enviou para órgãos financiadores dois projetos relacionados à fiscalização da pesca da lagosta, avaliados em R$ 3,2 milhões. Segundo o superintendente da entidade, Carlos Artur Rocha, o "barco robótico" é dotado de sensores para monitorar a captura de lagostas na costa cearense. "O equipamento fiscaliza as áreas de pesca e coleta dados biológicos sobre o comportamento dos crustáceos." O projeto já foi apresentado ao Ministério da Pesca e Aquicultura.

 

Já o "e-manzuá", enviado para a análise do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), é um dispositivo eletrônico de três centímetros que pode ser acoplado aos manzuás, gaiolas artesanais usadas na pesca da lagosta. "Quando os barcos voltam à terra, a leitura dos dados vai indicar em que parte do litoral os pescadores jogaram as gaiolas." A finalização do projeto custa R$ 200 mil.

 

Segundo Rocha, a pesca predatória durante o período de reprodução das lagostas é um dos maiores entraves do desenvolvimento da cadeia produtiva do crustáceo no Ceará. O Estado, que chegou a produzir 7,8 mil toneladas em 1991, entregou apenas 4 mil toneladas do produto em 2009.

 

Em maio, a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) selou parceria com a empresa Sete Ondas Biomar para a produção de algas úmidas, no litoral cearense. A companhia vai se instalar no município de Chorozinho, na região metropolitana de Fortaleza, para criar uma estrutura de cultivo em sete praias do Estado.

 

Segundo a Adece, as algas podem ser usadas para a produção da goma Carragena, estabilizante utilizado pela indústria alimentícia na produção de achocolatados e sorvetes. No Brasil, a demanda chega a dez milhões de toneladas por ano de algas úmidas. No Ceará, a Sete Ondas pretende produzir até 800 mil toneladas por mês do composto, já produzido comercialmente em mais de 40 países, como China e Indonésia.

 

Em Fortaleza, a diretoria da Câmara Brasil-Portugal vai criar o Instituto InfoBrasil de Inovação Digital. "A ideia é trabalhar para a inclusão de alunos de escolas públicas no mercado de tecnologia", diz a empresária Marluce Aires, diretora de TI da entidade e idealizadora do projeto. A primeira ação do Instituto é a certificação técnica de 100 estudantes, de até 18 anos. Mais de 600 alunos passarão por uma bateria de testes e os 100 melhores classificados serão monitorados, durante um ano, pela entidade. "Vamos ajudá-los a descobrir se eles querem ingressar no setor de TI, entrar em uma incubadora de empresas ou iniciar um negócio próprio, em áreas como web design, suporte e desenvolvimento de software."

 

A iniciativa conta com o apoio do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Ceará (Sebrae-CE), Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e Sistema Nacional de Emprego (Sine). Outro apoiador do instituto é o recém-criado Grupo de Gestores de TIC do Ceará (GGTIC-CE), que reúne os 20 maiores gestores de tecnologia de grandes empresas privadas, como Edson Queiroz e M. Dias Branco.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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