Representante do governo irá ao país negociar fim da suspensão do comércio de produto industrializado
O embarque amanhã para os Estados Unidos do diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Nelmon Oliveira da Costa, pode colocar fim à proibição das exportações de carne bovina industrializada ao mercado americano. A expectativa do governo e dos frigoríficos é que as vendas sejam retomadas a partir da próxima semana, mais de um mês após sua suspensão em 27 de maio.
A liberação das exportações de produto da JBS, no entanto, ainda dependerá de uma vistoria a ser feita pelos órgãos veterinários dos Estados Unidos. A decisão do governo brasileiro de suspender as vendas ocorreu depois que o EUA detectaram níveis acima do desejado do vermífugo ivermectina em carne industrializada exportada pela JBS.
"A suspensão das vendas foi uma iniciativa brasileira e a reabilitação ocorrerá para todos os frigoríficos, exceto para aqueles em que foi identificado alguma violação", afirmou Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Carnes (Abiec).
A estimativa do setor, até agora, é de que as perdas com a proibição somem entre US$ 45 milhões e US$ 50 milhões. A expectativa, contudo, é que ao longo do segundo semestre do ano esse valor seja compensado, já que o Brasil é o principal fornecedor do produto aos Estados Unidos.
Segundo Francisco Ferreira Jardim, secretário de Defesa Agropecuária do ministério, o Brasil passará a adorar os mesmos critérios usados pelos EUA para avaliação de resíduos na carne bovina, que não é reconhecido pelo Codex Alimentarius. A ideia é evitar que esse tipo de problema volte a ocorrer.
"Os americanos criaram uma regra própria. Estamos entendendo esses critérios para passar a adotar no Brasil. Nossa ideia é que as indústrias tenham estruturas próprias de controle e que a presença do governo seja por meio de uma fiscalização dessas estruturas. Alguns frigoríficos já possuem isso, mas não são todos", afirma Jardim.
A liberação para exportação de todas as unidades, exceto as da JBS, pode provocar mudanças no mercado americano de carne industrializada. A razão é que a JBS responde por 70% do abastecimento desse produto. Sem a possibilidade de exportar, pelo menos por enquanto, a empresa abriu espaço para que concorrentes, como a Marfrig, aumentem sua presença.
Segundo o Ministério da Agricultura, a JBS tem três unidades habilitadas para exportar carne cozida e congelada para o mercado americano, todas em São Paulo - Lins, Andradina e Presidente Epitácio. Já a Marfrig tem autorização para vender o mesmo produto a partir de Promissão (SP).
O Valor apurou que já existe uma missão americana vistoriando a unidade da JBS em Lins e que deve constatar as providências tomadas pela empresa.
Veículo: Valor Econômico