Os exportadores das três cadeias das carnes - bovina, aves e suínos - ganharam o apoio do governo federal para elevar a pressão sobre a União Europeia. Na próxima semana, representantes da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs) e da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) se juntam ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, para cobrar ações da UE sobre pendências no setor.
Na sexta-feira, uma missão da Abiec vai com o ministro a Bruxelas negociar uma participação na nova cota criada pelos europeus para importação de carne bovina. A medida foi tomada para favorecer os EUA, mas permite a participação de outros países na cota, como já ocorre com a Austrália.
"Além disso, vamos pedir o governo do Brasil fique responsável por administrar a lista de fazendas habilitadas a exportar para o bloco", disse Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec, que participou ontem de encontro com o ministro e representantes dos setores de carnes de frango e suína.
Durante a reunião de cúpula Brasil-UE, em Brasília na próxima semana, a Ubabef tentará, de novo, negociar um acordo sobre o conceito de carne fresca - "fresh meat". A mudança na nomenclatura do produto pode limitar os embarques brasileiros ao bloco. "Já estamos com um estudo preparado para apresentar na OMC [Organização Mundial do Comércio] um pedido para abertura de painel, caso não haja sinal de disposição em negociar", disse Francisco Turra, presidente da entidade.
Há tempos em negociação, a abertura do mercado europeu para a carne suína brasileira é um dos temas que também serão tratados. "A abertura desse mercado é uma chancela para que outros países comprem o nosso produto", disse Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs.
No encontro em São Paulo, as entidades aproveitaram a presença de Rossi para cobrar ações internas. Entre os pleitos estavam a desoneração de Pis/Cofins, criação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para agilizar a fiscalização de frigoríficos, e rapidez na conclusão do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC).
"Vamos estudar cada um dos pontos com as associações e levar para análise dos ministérios competentes todos os pedidos. Vamos avançar com isso, pois todos eles [pedidos] são justos" , disse Wagner Rossi. (AI)
Veículo: Valor Econômico