A baixa oferta de bovinos para abate, ao longo de julho, fez com que os preços do boi gordo seguissem tendência de alta em Minas Gerais. No acumulado de julho, a alta registrada na arroba do boi gordo foi de 3,5% frente os preços praticados em junho. A tendência para este mês é de novas altas devido à oferta restrita de animais.
Para setembro, é esperado o aumento da oferta de animais confinados, o que poderá contribuir para a estabilidade dos preços atuais ou altas menos expressivas na cotação do boi. Entre 30 de julho e 13 de agosto o preço do boi gordo no Estado apresentou alta de 1,6%, passando dos R$ 79,75 para os atuais R$ 81.
De acordo com a análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo com o aumento dos preços oferecidos pelos compradores, a liquidez do boi não aumentou. Nesse cenário, as escalas e os abates diários diminuíram em muitos frigoríficos, fazendo com que algumas unidades intercalassem o agendamento de animais.
Os preços da arroba seguiram firmes em praticamente todas as praças pesquisadas pelo Cepea. No acumulado de julho, o indicador do boi gordo Esalq/BM&F Bovespa para o país subiu 2,3%, fechando em R$ 85,98 no dia 30 de julho. A prazo, a média fechou em R$ 86,76.
Pastagens - De acordo com o diretor da empresa de consultoria técnica e econômica AgraFNP, José Vicente Ferraz, a redução da oferta se deve à escassez de pastagens e introdução de ração na alimentação do gado, o que encarece os custos de produção. Para evitar prejuízos, os pecuaristas negociam o gado excessivo antes do período de seca, mantendo um plantel dentro das condições de oferta de pasto e ração.
"A oferta de animais prontos para abate está cada vez menor no mercado pecuário brasileiro, o que tem sustentado os preços da arroba desde meados de maio. Os frigoríficos têm dificuldade em preencher as escalas de abate. Vamos continuar com uma restrição de oferta, isso porque o rebanho ainda está em fase de recomposição, contribuindo para a formação de um preço mais alto. A curto prazo não deverá ocorrer queda na cotação do produto", avaliou Ferraz.
Conforme pesquisas do Cepea, o menor volume de abate diminuiu a oferta de carne no mercado atacadista, impulsionando os preços dos cortes. Entre 30 de junho e 31 de julho, o boi casado valorizou 5,12%, fechando o mês negociado a R$ 5,54 por quilo. O valor médio da carcaça de vaca casada subiu 5,07%, passando para R$ 5,18 o quilo. Os preços médios do traseiro e do dianteiro acumularam altas de 4,55% e de 6,2%, respectivamente, em julho.
O preço da arroba, cotada a R$ 81, é considerado satisfatório para o setor e suficiente para corrigir os valores praticados no início do ano que estavam inferiores aos custos de produção, que estão em torno de R$ 72 a R$ 74 considerando a utilização de ração devido à escassez de pastagem.
Tendência - De acordo com o diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, entre julho e setembro a tendência é que os preços da arroba do boi oscile entre R$ 77 e R$ 81.
A tendência para este mês é de novas altas. Porém, devido aos preços do frango, que são influenciados pelo valor de comercialização do milho, estarem mais competitivos do que os da carne bovina, os valores de comercialização deverão apresentar variações em menor escala para manter a média de consumo.
"Os frigoríficos vão segurar os preços do boi gordo para manter o mercado consumidor. Caso aconteçam altas significativas na arroba poderá ocorrer redução brusca de consumo por existir uma opção mais favorável no mercado", disse Ferraz.
A valorização da carne bovina também foi sentida nas exportações mineiras durante os primeiros sete meses do ano. O faturamento da carne bovina apresentou um aumento de 20,29%, registrando receita de US$ 187,607 milhões. A tonelada do produto também apresentou valorização positiva de 18,95% nos preços, fechando o período cotada a US$ 3,9 mil.
Veículo: Diário do Comércio - MG