Crusoe Foods quer tirar a sardinha da Coqueiro

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Fabricante espanhola de pescados em conserva investe R$ 50 milhões no Brasil

 

O paulistano Sidnei Rosa, 57 anos, ex-gerente-geral comercial da Copersucar e ex-diretor  comercial da mexicana Bimbo, foi  scalado pelo grupo espanhol Jealsa-Rianxeira, um dos maiores produtores mundiais de pescados em conserva, para uma tarefa difícil: lançar no Brasil a marca Robinson Crusoe, de sardinha, atum, salmão e mexilhão em conserva, além de patê, e abocanhar uma fatia do mercado hoje dominado por nomes tradicionais como Coqueiro, Gomes da Costa, Pescador e Alcyon.

 

Ele terá um orçamento de R$ 50 milhões para conseguir, até o fimdo ano que vem, 5%do mercado brasileiro de pescados em conserva, o que na prática significa brigar pelos consumidores de atum e sardinha em lata. “Ameta é faturar R$ 50 milhões no próximo ano, mas estou otimista de que conseguiremos ir além”, afirma Rosa. A partir de outubro, a Crusoe Foods, nome dado à empresa do grupo Jealsa-Rianxeira no Brasil, pretende levar parte de seu cardápio de produtos às gôndolas dos supermercados. No momento, ela está apresentando sua linha a grandes redes supermercadistas como Pão de Açúcar e Carrefour e também avaliando em qual cidade brasileira abrirá uma fábrica. Como a Jealsa-Rianxeira já tem uma unidade em Rio Grande, a 300 quilômetros de Porto Alegre, que pesca, congela e comercializa peças de 10 quilos de atum para empresas processadoras do Brasil e do exterior, ela pretende iniciar a produção de parte de sua linha em outubro nesta unidade. Para tanto, investirá por volta de € 1 milhão (R$ 2,32 milhões) em uma linha de produção de itens em conserva. Enquanto isso, a empresa decidirá o local de abertura de uma segunda fábrica no país, voltada exclusivamente aos pescados em conserva.

 


Com a unidade já existente no Sul do país, Rosa diz que provavelmente o município a ser escolhido estará localizado no  Nordeste ou Centro-Oeste do país. “Penso até em três fábricas no Brasil, uma vez que a localização é importante para evitar altos custos logísticos”, afirma. Em relação à matéria-prima, Rosa acredita que comprará 50% dela do mercado interno e importará ametade restante. A indústria que depende de sardinha no Brasil não consegue mais ser abastecida unicamente pelo mercado interno. O estoque é altamente controlado, uma vez que o país só libera sete meses de captura, enquanto a indústria demanda a matériaprima durante 12meses. Por outro lado, o mercado internacional tem sardinha em excesso, por conta da crise financeira mundial que ainda segura o consumo. “Importar de outros países como o Marrocos não será um problema. Poderemos, inclusive, importar o produto acabado de uma das fábricas da Jealsa no exterior”, diz.

 

Inicialmente, a sardinha deverá responder por cerca de 60% do faturamento da Crusoe Foods que, no futuro, pretende ampliar a participação do atum na sua receita. De olho na ascensão das classes C e D, Rosa quer incentivar o brasileiro a tirar a carne do prato para colocar o atum. Da Robinson Crusoe, é claro.

 

PEIXE NA SALADA

 

● Não é só com a marca Robinson Crusoe, famosa no Chile pelos pescados em conserva premium que comercializa, que a Crusoe Foods quer abocanhar uma fatia do mercado brasileiro.

 

● A empresa espanhola também quer avançar no campo das saladas. Ela vai trazer para o país a linha americana de produtos para saladas chamada Fresh Gourmet, da fabricante Sugar Foods.

 

● A Fresh Gourmet, cuja distribuição está na Europa e na América Latina, é feita pela Jealsa e contará com produtos como croutons, snacks, toppings (molhos para saladas) de diferentes sabores. O foco será tanto o varejo quanto o mercado de food service.

 


Veículo: Brasil Econômico


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