O Ministério da Pesca e Aquicultura informou ontem que vai iniciar uma análise de risco para apurar algumas denúncias de contaminação em relação ao peixe Pangasius cf. hypophthalmus, conhecido como panga, que começou a ser importado este ano do Vietnã.
Segundo Eloy de Sousa, secretário de Monitoramento e Controle do ministério, foi encaminhado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pedido de suspensão da licença de importação do produto até que seja concluída a análise.
"Vamos fazer a análise de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal", afirmou Altemir Gregolin, depois de uma reunião de mais de três horas entre representantes do setor pesqueiro e o ministro da Pesca e Aquicultura, para debater o assunto.
Segundo Fernando Ferreira, presidente do Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura (Conepe), há indícios de que o produto vendido ao Brasil tenha teor acima do permitido de um antibiótico que aumenta a retenção de água na carne do peixe, além de clareá-la, o que facilita sua comercialização no supermercado. "São peixes com alto risco de contaminação", afirmou Ferreira.
Somente no primeiro semestre deste ano, foram importadas 3,3 mil toneladas do panga, totalizando o valor de US$ 6,6 milhões. Além do risco à saúde que será analisado, produtores nacionais reclamam que o preço do produto está abaixo do valor de custo de alguns similares brasileiros, como o mapará, da Amazônia, e a tilápia.
Concorrência
Enquanto o preço do panga importado no mercado brasileiro é de R$ 3,50 o quilo, os similares nacionais saem por aproximadamente R$ 7 o quilo. Essa diferença tem sido colocada pelo setor como a causa de mais de 3 mil demissões na indústria de peixe de Santa Catarina e cerca de 2 mil na Região Norte.
"É o caos no mercado interno brasileiro", afirmou Ferreira. Segundo ele, várias empresas estão com estoques parados devido à importação desordenada do peixe vietnamita.
Veículo: DCI