Aposta renovada no pescado nacional

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Estratégia: PepsiCo quer elevar em 30% capacidade de acumular matéria-prima fresca no RJ


   
A PepsiCo, que detém as marcas de atum e sardinha Coqueiro no Brasil, vai investir US$ 9 milhões para ampliar a capacidade de estoque de matéria-prima em sua unidade em São Gonçalo (RJ). Segundo a diretora da Unidade de Negócio Pescados da empresa, Ana Beatriz Vassimon, a capacidade de acumular o pescado fresco será ampliada em 30% com o investimento. O valor é 20% maior do que o aplicado pela empresa no ano passado no setor de pescados.

 

A empresa não detalha o volume de produção, mas diz que o objetivo do investimento é ampliar a capacidade de estocar sardinha pescada na costa brasileira e reduzir o volume de importado no processo de beneficiamento. Segundo a diretora, hoje entre 30% e 40% da sardinha beneficiada pela Coqueiro é importada. "Nossa intenção é ampliar a participação da sardinha nacional, por isso o investimento que vai nos permitir ampliar a estocagem", diz a diretora.

 

De acordo com Ana Beatriz, o produto importado gera um custo maior porque depende de processo de descongelamento que demanda mais energia e água do que no uso da sardinha fresca. "Além disso, há vulnerabilidade em relação ao câmbio que no produto nacional não existe", diz a executiva.

 

Em 2009, a safra da sardinha foi de cerca de 100 mil toneladas. A dificuldade para a indústria nacional é ter condições de absorver a sardinha nacional durante o período de pesca e estocá-la durante a defesa. A captura da espécie vai de 15 de fevereiro a 15 de maio e de 1º de agosto a 1º de novembro.

 

A greve que mobilizou cerca de mil pescadores em Itajaí há cerca de três semanas não preocupa a diretora. "Não fomos impactados e imaginamos que a mobilização não terá grande duração", diz. Os pescadores ainda não chegaram a um consenso com os armadores de embarcações pesqueiras e a indústria local. Eles pedem R$ 1,20 para o quilo entregue em Santa Catarina e R$ 1,50 no Rio de Janeiro. Hoje, um acordo prevê R$ 1 como preço mínimo pelo quilo. Na semana passada, duas embarcações furaram o bloqueio e seguiram para o mar para a captura da sardinha. O governador Leonel Pavan determinou proteção especial para garantir o direito dos pescadores de retomar as atividades.

 

Em 2009, a importação de sardinha congelada atingiu 31,6 mil de toneladas, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O volume ficou estável frente ao ano anterior. Em 2008, foram 31,7 mil toneladas.

 

Além da unidade de São Gonçalo, a PepsiCo mantém um entreposto em Itajaí onde são recebidos os pescados e está localizada uma pequena fábrica de patês. No final de julho, a empresa reuniu-se com a Secretaria da Fazenda de Santa Catarina para discutir benefícios fiscais para a unidade no Estado.

 

Segundo o secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, a empresa apresentou projeto de transferir a fábrica do Rio para Santa Catarina. O investimento geraria cerca de 200 empregos diretos. Siewert pediu detalhes sobre o projeto, que será encaminhado para estudo pela equipe técnica da Fazenda.

 

A diretora Ana Beatriz Vassimon diz que o projeto ainda está em fase muito inicial e que a conversa com a Secretaria da Fazenda teve o objetivo de alinhar os investimentos da Pepsico no Estado com os competidores. A Gomes da Costa, principal competidora da marca Coqueiro no Brasil, também possui unidade em Santa Catarina.

 

Há também o projeto de ampliar os embarques de Itajaí, beneficiando-se dos incentivos locais, diz a executiva. Hoje, apenas o atum é exportado para o Mercosul, em especial para a Argentina - mas é uma pequena parcela do faturamento. A Coqueiro está entre as cinco marcas de maior faturamento da Pepsico no Brasil.
 


Veículo: Valor Econômico


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