Barreira da UE ao frango custa US$ 400 mi por ano ao Brasil

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Com as novas barreiras impostas pela União Europeia (UE), o Brasil pode perder, por ano, US$ 400 milhões em vendas de carne de frango para o bloco. Em maio deste ano, entrou em vigor um regulamento europeu, número 1.047, que muda o conceito de carnes frescas brasileiras e pode reduzir em até 30% anuais a utilização de alguns produtos da avicultura na Europa. A mudança é válida apenas para as aves. Apesar do entrave com a UE, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) informou que nos próximos anos o Brasil poderá ultrapassar a China no ranking de países criadores de frango. Os Estados Unidos são líderes da tabela.

 

Segundo Ricardo Santin, diretor do núcleo de mercados da Ubabef, a restrição da UE poderá resultar em impacto financeiro no País. Hoje, o frango brasileiro vendido aos europeus rende cerca de US$ 1, 2 bilhão. Para a entidade, a atitude dos europeus pode ser interpretada como uma barreira comercial disfarçada.

 

Clever Pirola Ávila, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), afirmou que 25% das exportações da avicultura brasileira vão para a Europa. Além disso, o País participa de 5% do consumo europeu de carne de frango. "O Brasil não pode ser tratado dessa maneira [pela UE]. Por isso, acionamos o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior [Camex]", disse.

 

Na última semana, a Camex autorizou o Itamaraty a dar prosseguimento ao processo de consulta à UE na Organização Mundial de Comércio (OMC) a respeito das novas regras impostas pelo bloco para importação de carne de frango. Perguntado pela reportagem do DCI no que essa ação poderia resultar, caso o Brasil levasse a questão em diante, Ávila falou que "o processo é moroso. A União Europeia não ouviu o País e aplicaram este novo conceito [regulamento de maio]". De acordo com os produtores brasileiros, a barreira à venda de frango descongelado ao bloco tem causado perda ao setor. Em setembro de 2009, o bloco europeu regulamentou a venda de carne de frango nos países membros e autorizou apenas mercadorias nas categorias congelada, ultracongelada e fresca. A medida, de maio, impede que a carne seja descongelada para ser vendida ou usada na fabricação de preparados, o que inviabiliza parte das vendas brasileiras a esses países. Desta forma, assim que concluída a verificação das informações, o Brasil deverá ingressar com um procedimento de resolução de controvérsias no órgão internacional, que em uma primeira fase consistirá em consultas formais à União Europeia.

 

Segundo no ranking

 

Os principais criadores de carne de frango do mundo são: Estados Unidos, com mais de 15 milhões de toneladas; China, com 12 milhões de toneladas; e Brasil, com 11 milhões de toneladas. As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo Santin, esse panorama poderá mudar em breve e a exportação brasileira de aves deve crescer de 3% a 5% em 2010.

 

"Houve aumento de demanda de alguns países e o Brasil conquistou novos mercados, como a própria China, neste ano. Há também a facilidade de produção de grãos, como o milho e a soja, para a alimentação das aves, além de tecnologia para produzir mais de 100 tipos de cortes da carne, que pode se adaptar às necessidades do importador", explicou. E completou: "Embora haja tendência de aumento de preços para a soja e milho, isso não atrapalha o setor da avicultura porque o Brasil tem acesso fácil aos grãos e não precisa importar".

 

Alex Lopes da Silva, especialista da Scot Consultoria, acredita que para o País superar os chineses deve aumentar o número de criadores e acrescentar tecnologia ao setor. O analista ainda lembrou que o preço do bovino em alta, torna o frango competitivo.

 

Dados da Ubabef apontam que as exportações de frango brasileiro entre janeiro e julho de 2010 somaram US$ 2,165 milhões de toneladas, quase 2% a mais que o total registrado no mesmo período do ano passado, quando foram vendidas US$ 2,124 milhões de toneladas. Em receita, houve incremento 16,6% no comparativo entre os sete primeiros meses deste ano e de 2009. No geral, foram US$ 3,756 bilhões entre janeiro e julho de 2010, contra US$ 3,222 bilhões do mesmo período do ano anterior.

 

Com as novas barreiras impostas pela União Europeia (UE), o Brasil pode perder US$ 400 milhões por ano em vendas de carne de frango para o bloco. Em maio deste ano, entrou em vigor o regulamento europeu de número 1.047, que muda o conceito de carnes frescas brasileiras e pode reduzir em até 30% anuais a utilização de alguns produtos da avicultura na Europa. A mudança é válida apenas para aves. Semana passada, o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou o Itamaraty a dar prosseguimento à consulta na Organização Mundial de Comércio (OMC) com respeito às novas regras europeias de importação de frango.

 


Veículo: DCI


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