Baixa oferta de animais para abate continua favorecendo pecuaristas .
A baixa oferta de bovinos para abate continua favorecendo a manutenção de preços rentáveis para o boi gordo em Minas Gerais. Após apresentar aumento de 3,8% em agosto, os valores de comercialização ao longo de setembro se mantiveram praticamente estáveis, variando entre R$ 83 e R$ 85 a arroba.
De acordo com o presidente da Associação dos Frigoríficos de Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo (Afrig), Silvio Silveira, o mercado mostrou pouca mudança de preços, refletindo um equilíbrio entre compradores e vendedores nas principais praças de negociação.
Mesmo com o encarecimento dos custos de produção, devido à alta dos grãos e fertilizantes, os repasses da indústria frigorífica para os consumidores ocorrem de maneira que não interferem no nível de consumo. Isso devido aos frigoríficos mineiros terem reduzido a margem de lucro para manter o mercado consumidor.
De acordo com Silveira, para reduzir o impacto da valorização dos grãos, principalmente do milho, é necessário que o governo federal, através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realize leilões para equilibrar a oferta do cereal no mercado interno.
"A alta nos grãos afeta o segmento de bovinos e contribui para restringir as margens de lucro das empresas. Os frigoríficos não podem repassar todo o reajuste para o mercado final, uma vez que isso iria reduzir o consumo. Porém, o peso maior recai sobre os produtores de suínos e aves, por isso é necessário que o governo realize leilões", disse Silveira.
Embarques - A valorização da carne bovina também foi verificada nas exportações mineiras durante os primeiros oito meses do ano. O faturamento do produto apresentou um aumento de 11,8%, registrando receita de US$ 223,31 milhões. A tonelada de carne bovina apresentou valorização positiva de 13,1% nos preços, fechando o período cotada a US$ 3,8 mil.
Para outubro, é esperado o aumento da oferta de animais confinados, o que poderá contribuir para a manutenção da estabilidade dos preços. De acordo com a Afrig mesmo diante da valorização do boi gordo e das exportações de carnes bovinas, as indústrias frigoríficas estão trabalhando com redução da margem de lucro. Segundo ele, o consumidor não aceita o repasse integral das altas do produto e opta por outras carnes de menor valor, como a de frango e a suína.
"A grande variedade de carnes no mercado interno tem feito com que os frigoríficos não repassem totalmente o aumento dos custos para os consumidores, o que reduz as margens de lucro das empresas. Mesmo com receita menor, o cenário econômico para o setor é positivo devido ao aumento do consumo e da renda da população", disse Silveira.
O presidente da Afrig atribui o aumento dos preços do boi gordo também à situação desfavorável dos pecuaristas nos últimos cinco anos. "Em 2010 o gado confinado no Estado foi reduzido a 50%. Nos anos anteriores os produtores investiram no confinamento e não tiveram retorno com a comercialização dos animais, o que incentivou a redução da produção para este ano, já que os custos do confinamento são mais elevados. Acredito que a oferta do produto deve se regularizar a partir do início do período das chuvas, o que aumenta a oferta de pastagem", avaliou.
Em relação às exportações, o presidente da Afrig considera que a retomada dos preços internacionais e dos embarques ainda é lenta, porém essencial para a geração de lucros para os frigoríficos.
"As exportações ajudam a limitar a oferta dos produtos no mercado interno. Porém, com o real mais valorizado do que o dólar, o mercado internacional não é mais atrativo do que o local, por isso o ritmo das negociações está mais
moderado", disse Silveira.
Veículo: Diário do Comércio - MG