Carne bovina mais cara ao consumidor

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Arroba do boi tem preço recorde em todo o estado, R$ 101,35, graças à baixa oferta do animal nos pastos. Expectativa é que produto aumente ainda mais
 


Comer carne vermelha no estado já está caro e o preço vai subir ainda mais para o consumidor. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgou que a arroba do boi (14,69 quilos) bateu os R$ 100 no mercado paulista, uma marca histórica. O reflexo disso já é percebido nos açougues.

 


Ontem a cotação do boi fechou a R$ 101,35, o segundo maior valor desde o início da série histórica do Cepea em julho de 1997. Até o momento, a maior média mensal do indicador é de R$ 102,99, verificada em novembro de 1999 com valores já deflacionados.


 
O pesquisador responsável do Cepea, Sergio De Zen, explica que o mercado de carne em São Paulo está colhendo frutos de situações e decisões do passado. Há cinco anos, o preço da arroba do boi estava baixo e isso desestimulou a produção de boi. Com isso, muitas matrizes (vacas) foram abatidas.

 

Por consequência, este ano há uma oferta de boi menor nos frigoríficos para abate. Se juntaram a isso a estiagem severa dos últimos meses, o mercado interno aquecido e o crescimento das exportações. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no acumulado deste ano, o volume de carne in natura embarcado foi 10% superior ao do mesmo período de 2009.

 

O rebanho nacional, que chegou a cerca de 206 milhões de cabeças há cinco anos, fica hoje em torno de 180 milhões de cabeças, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
 


Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, afirma que essa situação de alta do preço da carne é nacional. "Sem conseguir renda suficiente para se manter na atividade, os pecuaristas não tiveram opção e foram obrigados a abater boa parte do rebanho, a maioria de fêmeas", diz.

 

A disponibilidade de animais para abate é tradicionalmente menor durante o período de inverno. Mas, segundo a CNA, não há perspectiva de redução de preços, mesmo com o fim da entressafra.

 

Os confinamentos (criação de bovinos em piquetes ou currais) são finalizados até meados de novembro, após as primeiras chuvas. Neste ano, no entanto, as queimadas destruíram as pastagens e a recuperação deve levar mais tempo, o que resultará em atraso na conclusão do processo de engorda. "Os preços do boi gordo não devem cair, mesmo com a chegada das chuvas", completa.

 

Segundo pesquisa da CNA, a alta dos preços dos cortes no atacado superou a valorização da cotação do boi gordo.  No acumulado do ano até agosto, os preços do dianteiro (parte menos nobre do boi) foram os que mais subiram no atacado: 38,84%. O preço da ponta de agulha, por exemplo, subiu 31,74% no período analisado.

 


Veículo: Diário de S.Paulo


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