Marfrig tem perda, mas amplia abates

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Apesar da oferta apertada de bovinos no Brasil, reflexo do ciclo de baixa da produção, a Marfrig conseguiu ampliar os abates e reduzir a ociosidade em suas fábricas no terceiro trimestre em relação ao mesmo intervalo de 2009.

 

No trimestre em que registrou prejuízo de R$ 30,1 milhões, a empresa praticamente dobrou o abate de bovinos. Foram 750,1 mil cabeças entre julho e setembro deste ano ante 384 mil animais no mesmo período de 2009. Entre um trimestre e outro, o preço médio da arroba do boi subiu 8,3% no país, informou a companhia.

 

No trimestre que passou, com 22 abatedouros em operação, a ociosidade da companhia foi de 35%, de acordo com Ricardo Florence, diretor de relações com investidores. Um ano antes eram 13 unidades operando e ociosidade de 50%. Nove plantas arrendadas pela Marfrig só entraram em atividade no início do ano. Segundo a empresa, a divisão Bovinos Brasil e "Food Service" avançou graças à demanda doméstica aquecida, que permitiu elevar venda e preço.

 

Marcos Molina, presidente da Marfrig, disse, em teleconferência com jornalistas, que programas de fomento e parcerias com pecuaristas e confinamentos garantiram a oferta de matéria-prima, permitindo que a empresa ampliasse o abate de bovinos. Atualmente, a Marfrig tem quatro confinamentos de gado bovino no Brasil.

 

Com o maior abate de bovinos, a participação da Marfrig no abate total do país passou de 7% no terceiro trimestre do ano passado para 14% no trimestre passado, informou a empresa.

 

Mas a escassez de bovinos não poupou as operações da Marfrig no Uruguai e na Argentina, onde os preços da matéria-prima também estão aquecidos. No Uruguai, a Marfrig paralisou duas de suas quatro plantas no terceiro trimestre por falta de animais. Já na Argentina, onde a utilização é de 60% da capacidade, o abate foi 153,1 mil cabeças, 18,3% menos do que no terceiro trimestre de 2009.

 

A demanda aquecida também contribuiu para maiores vendas da área de aves e suínos da Marfrig. A receita bruta da empresa alcançou R$ 4,2 bilhões, 63,9% mais do que no terceiro trimestre do ano passado. As vendas cresceram tanto no mercado interno quanto no externo. Subiram 56,7% e 76,8%, respectivamente, em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

 

Com o aumento das exportações de carne bovina a partir do Brasil, a Marfrig também aumentou o sua participação nas vendas externas do produto do país. No terceiro trimestre de 2009 (com embarques de US$ 122 milhões), tinha uma fatia de 11,6% do total exportado. No trimestre passado, a receita de US$ 251 milhões representou 18,9% do total.

 

Segundo a Marfrig, o prejuízo de R$ 30,1 milhões no trimestre decorreu do aumento despesas financeiras reflexo de operações de hedge por conta da aquisição da Keystone Foods, em junho deste ano, por US$ 1,26 bilhão. A operação foi financiada com a emissão de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis em ações. "Quando compramos a Keystone, o dólar estava em R$ 1,82. Fizemos opções de dólar como proteção", disse Molina. Em outubro, quando a Marfrig pagou a Keystone, o dólar estava na casa de R$ 1,71, disse.

 

Veículo: Valor Econômico


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