Preços do milho e da soja desestabilizam criadores paulistas.
A crise da empresa Frango Forte, que está deixando morrer de fome milhares de frangos no sudoeste paulista, por falta de ração, levou a Associação Paulista de Avicultura a recomendar a seus associados que reduzam a produção entre 10% e 15% até o fim do ano para evitar que o preço do produto caia e gere prejuízos para o setor.
Segundo Erico Pozzer, presidente da entidade, os preços do milho e da soja subiram no mercado internacional, provocando alta de 70% no custo da ração, e criando dificuldades para as empresas.
"Não apenas nós, mas todas as associações, recomendaram que seja reduzida a produção entre 10% e 15% para melhorar o preço. A redução evitará sobra do produto e uma possível queda de preços", afirmou.
Pozzer disse que o preço do frango não caiu este ano, mas não subiu o suficiente para compensar o aumento de custo. Na avaliação dele, reduzir a produção é necessário para que as empresas não iniciem 2009 com excesso de oferta, pois os primeiros meses do ano são de baixo consumo por conta do endividamento do consumidor no Natal.
O executivo afirma não saber estimar quanto a redução na produção poderá causar de aumento de preço ao consumidor brasileiro. Em média, o quilo do frango resfriado é vendido a R$ 4 nos supermercados paulistas. Ele reconhece, no entanto, que há espaço para aumentar o preço no mercado interno.
"Os preços da carnes de boi e de porco continuam caros, o que pode facilitar o aumento no preço do frango. Mesmo com preço mais alto, a carne de frango pode continuar competitiva", explica.
Margem - Pozzer afirmou que as empresas precisam recuperar a margem de lucro perdida com o aumento de custo e lembrou que a saca de milho, que no ano passado era vendida por R$ 15 a R$ 18, praticamente dobrou de preço. Os produtores de São Paulo, segundo ele, pagam ainda mais caro pelo produto porque compram matéria-prima de outros estados.
Apesar da recomendação para reduzir a produção, Pozzer afirmou que o problema da Frango Forte é pontual e que o crédito está mais difícil para todos os setores.
"É um caso pontual e isolado, eles estão tentando resolver. Estamos em contato com a empresa para que resolva e libere lotes para os criadores para que eles possam alimentá-los. a única maneira de resolver a situação", disse.
De acordo com informações da Associação Paulista de Avicultura, ainda não foi registrado qualquer movimento para a redução de exportações, que continuam no patamar de 330 mil toneladas por mês. Mas o dirigente não descarta, porém, uma queda no consumo no mercado internacional.
"As exportações poderão cair, caso ocorra queda no consumo nos países compradores. Tudo depende dos desdobramentos da crise internacional, mas cada empresa vai tomar suas medidas para gerenciar o problema", afirmou.
A expectativa da APA é que o consumo interno de frango mantenha o crescimento este ano, em torno de 5%.
Veículo: Diário do Comércio - MG