Aumento da demanda global e dos preços do petróleo devem manter cotação do produto elevada.
Os preços da carne bovina devem continuar altos neste ano. Não só por causa do aumento da demanda mundial mas também pela alta do petróleo, após o início dos protestos nos países árabes, de acordo com lideranças do setor reunidas ontem, durante apresentação do Congresso Internacional da Carne, agendado para junho. Para atender à demanda, a expectativa de entidades ligadas ao segmento de carne bovina é de crescimento de 25% na produção interna do Brasil.
Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, um dos efeitos da crise na Líbia – a alta do barril do petróleo – impacta no preço da carne. "O custo da produção aumenta, seja no óleo diesel usado no trator ou no transporte da alimentação dos animais", disse.
Outra explicação para a alta dos preços, na opinião do presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Correa Riedel, foi o aumento da renda da população e da demanda interna. Segundo ele, 80% da carne bovina produzida no estado é destinada ao consumo interno e apenas 20% é exportada.
Crescimento – De acordo com Nogueira, a expectativa para 2011 é de aumento de 25% em peso e carcaça de boi no País. "O crescimento em valores será maior por causa do alto preço das commodities", afirmou. Segundo ele, a arroba do boi no Brasil acompanha a cotação internacional, que chegou a R$ 120 no último mês.
Nogueira estima que o rebanho brasileiro demore em torno de cinco anos para se ajustar à demanda interna. O ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, disse que esse prazo pode ser menor. Para ele, em um ou dois anos há uma tendência de retorno do equilíbrio da oferta e demanda. "Não estamos em um novo patamar de preços agrícolas. O preço ao consumidor vai cair, mas o valor dos insumos para o produtor continua alto."
Exportações – Membro do conselho do frigorífico JBS, José Batista Junior, disse que os protestos na Líbia não atingiram as exportações da empresa. A participação do Oriente Médio nas vendas é de cerca de 10%, e a distribuição da carne é feita a partir de uma unidade em Israel. A região representa 5% das exportações de alimentos brasileiras e a tendência é que cresça. Nogueira disse que os países árabes continuarão importando a carne brasileira. "Se não conseguirmos entregar à Líbia, deixaremos nos países vizinhos."
Veículo: Diário do Comércio - SP