Os preços pagos pelo frango vivo em Minas caíram ao longo de setembro cerca de 1,5%, na comparação com os valores vigentes em agosto. Com o novo recuo, a situação do produtor mineiro foi ainda mais agravada, uma vez que os custos de produção estão elevados, comprometendo a rentabilidade e, em alguns casos, provocando acúmulos de prejuízos para os avicultores.
De acordo com o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercados, empresa especializada em consultoria para o agronegócio, a tendência é de que a situação seja revertida ao longo do atual trimestre, com a demanda aquecida pelas festas de fim de ano. Porém, caso ocorra um agravamento da crise econômica nos Estados Unidos e na Europa, a recuperação dos preços pode ser inviabilizada.
Segundo os dados da consultoria, a média paga pelo quilo do frango vivo em Minas, ao longo de setembro, ficou em R$ 2,07. Em agosto, o produto foi comercializado em torno de R$ 2,10 o quilo, o que representa recuo de 1,5%. O aumento da oferta de carnes de aves no mercado interno e a disponibilização de bovinos provenientes de confinamento fizeram com que os preços caíssem.
Com a maior disponibilidade de animais de confinamento, os preços da carne bovina ficaram competitivos, impactando a cotação da carne de aves. A tendência é de que, a partir de novembro, os preços do boi gordo voltem a subir, isto pela recuperação mais lenta das pastagens, provocada pela seca prolongada, o que poderá adiar a chegada do rebanho de pasto ao mercado. "A valorização do boi gordo promove a competitividade da carne de frango", diz Iglesias.
A situação do avicultor mineiro é considerada crítica, e muitos produtores deverão encerrar o ano com prejuízos significativos. A principal conseqüência poderá ser a queda na produção de aves no Estado.
Custos - Enquanto os preços pegos pelo frango estão em baixa, os custos de produção mantêm o ritmo de crescimento. A alta tem como principal explicação a valorização do milho, tanto no mercado interno como no externo. O custo de produção de um quilo de frango gira em torno de R$ 2, e o produtor recebe em média R$ 2,07 pelo volume. O custo varia de acordo com o padrão tecnológico de cada granja.
O milho em Minas está custando em torno de R$ 27,51 a saca de 60 quilos, o que representa elevação de 47% frente ao preço praticado em setembro de 2010 e de 6,2% em relação aos valores vigentes em agosto. Com o encerramento da colheita da safrinha e a quebra de produção no Mato Grosso e nos Estados Unidos, a possibilidade de queda dos preços é reduzida.
"O insumo é o principal da atividade e responde por cerca de 70% dos gastos dos avicultores. A tendência é de que os preços do milho continuem em alta até o início da colheita da safra de verão. O momento é desfavorável para o produtor", avalia Iglesias.
Outro fator que também contribuiu para o recuo nos valores pagos pelo quilo da ave foi a redução dos volumes exportados, o que aumentou a oferta no mercado interno. Em setembro, foram enviados ao exterior 13,5 mil toneladas de aves, queda de 14,02% frente ao volume exportado em agosto, de 15,7 mil toneladas. O faturamento gerado com a comercialização ficou 13,95% menor, chegando a US$ 23,4 milhões. O preço da tonelada manteve-se praticamente estável, com variação positiva de 0,4% e valor de US$1,7 mil.
Mesmo enfrentando perdas, o ritmo de abate de frangos em Minas seguiu praticamente estável até o segundo trimestre. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre de 2011 foram abatidas 90,23 milhões de cabeças, contra as 90,5 milhões no mesmo período do ano anterior, resultado 0,3% inferior.
No mesmo período, o peso das carcaças aumentou 6%, passando de 186 mil toneladas para 197 mil. A tendência é de que o abate aumente no quarto trimestre do ano, período em que o consumo é estimulado pelas festas de final de ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG