Pecuarista investe na reposição

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A valorização do boi gordo e as boas perspectivas de mercado incentivam os aportes.


A valorização do boi gordo em Minas vem incentivando os pecuaristas a investirem na reposição do rebanho. Com a demanda pelos garrotes e pelo boi magro aquecida, a cotação dos animais foi alavancada. De acordo com os dados da Scot Consultoria, nos últimos 12 meses o valor pago pelo garrote aumentou 14,6%, enquanto o preço do boi magro ficou 14,2% mais alto. A tendência é de mercado firme tanto para o boi gordo como para os animais de recomposição.

Para o médico-veterinário e consultor da Scot Consultoria, Hyberville Neto, um dos principais fatores que também tem impulsionado os valores dos bovinos de recomposição é o aumento do abate das matrizes entre 2005 e 2006, que ainda está refletindo no mercado, já que a fêmea demora três anos para começar a procriar, causando escassez de boi magro.

O abate de matrizes no período foi alavancado pela proliferação de doenças nos rebanhos da União Europeia. Com a redução da oferta na UE, os compradores optaram pela produção brasileira. Os bons preços no mercado internacional e o aumento da demanda provocaram um abate maior de fêmeas, que fizeram com que faltasse boi magro para venda no mercado. Os reflexos da falta de boi magro serão sentidos até 2012.

"O aumento do abate de matrizes reduziu a oferta de animais para a recomposição. Em Minas e demais regiões produtoras do país observamos que a oferta ainda é pequena, o que sustenta o mercado tanto dos animais de recomposição como os prontos para o abate. A alta na cotação do boi gordo e as boas perspectivas de mercado também estimulam os investimentos na recomposição", diz Hyberville Neto.

De acordo com os dados da Scot Consultoria, em Minas as negociações atuais com animais de reposição seguem lentas, principalmente pelos preços estarem elevados. Os pecuaristas estão esperando a melhoria da qualidade das pastagens para aumentar o ritmo de aquisição, uma vez que em algumas regiões não são registradas chuvas há mais de quatro meses, o que dificulta a manutenção de animais exclusivamente a pasto. A tendência é de que os negócios melhorem em novembro, se a previsão de chuvas for confirmada.

As categorias que acumularam as maiores altas no Estado nos últimos 12 meses foram o garrote, com elevação de 14,6% nos preços, cotado em R$ 940 por cabeça, e o boi magro, com alta de 14,2% e cotado a R$1,12 mil por cabeça. No período, a alta acumulada no valor pago pela arroba do boi gordo foi de 6%, com o volume vendido em torno de R$ 93. Já na comparação dos preços de janeiro até setembro, o bezerro de 12 meses teve a maior valorização, de 9,9%, cotado a R$ 780 por cabeça.

De acordo com os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), na última semana de setembro, os preços do boi gordo ficaram menores 2,1%, com a cotação variando entre R$ 89 e R$ 91 por arroba nas regiões onde se concentra o maior volume de boi confinado em Minas, Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste.

No início de setembro os preços estavam se mantendo estáveis na maioria dos negócios no Estado, variando entre R$ 91 e R$ 94 por arroba. No Triângulo, já existiam sinais de queda, variando de R$ 1 a R$ 3 por arroba. A forte seca continua afetando a pastagem, principal fonte de alimentação do gado bovino. E a engorda de bovinos em confinamento será a garantia de abastecimento do mercado interno nos próximos meses.

Confinamento - Segundo a Emater-MG, a queda nos valores pode ser explicada pela maior oferta de boi confinado no Triângulo. Além disso, os técnicos avaliaram que os atuais preços do milho no Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, entre R$ 27 a R$ 29 por saca de 60 quilos, poderão inviabilizar a engorda de bovinos em confinamento durante novembro e dezembro.

Para Hyberville, a alta nos custos de produção durante o confinamento e os preços equivalentes aos atuais nas negociações futuras poderão incentivar a comercialização dos animais que estão em confinamento, podendo ocorrer redução da oferta nos próximos meses.

"Os custos com a alimentação do rebanho estão mais altos, o que limita o lucro dos produtores. Como no mercado futuro os preços não estão mais valorizados que os atuais, a tendência é de que ocorra maior comercialização dos animais. A expectativa para os próximos meses é de nova alta, que será impulsionada pela demanda de fim de ano. Normalmente, a valorização esperada é de 5% no período", acrescenta Hyberville.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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