Depois de um ano em que as exportações deixaram um pouco a desejar e em que o mercado interno foi a vedete, com aumento expressivo do consumo per capita de carne suína, o setor produtivo espera mais crescimento em 2012 e recuperação das vendas externas.
Neste ano, o Brasil exportou até novembro 479.484 toneladas de carne suína, 5,03% a menos que as 504.890 toneladas de igual intervalo de 2010. Graças ao aumento dos preços médios, a receita com as vendas externas no período subiu 6,58%, saindo de US$ 1,25 bilhão, para US$ 1,33 bilhão, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne (Abipecs), durante almoço com jornalistas.
Em grande medida, o embargo russo a estabelecimentos brasileiros exportadores, desde junho, foi o responsável pela queda nas exportações brasileiras de carne suína. Mesmo com o recuo, o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, considera que o ano foi favorável. "Só não foi melhor por causa da Rússia. Apesar de a Rússia estar há mais de meio ano fechada, a exportação ficou quase igual", comentou.
O país, que chegou a importar 400 mil toneladas de carne suína do Brasil em um ano, comprou, de janeiro a novembro deste ano 123.567 toneladas, 44,52% de aumento em relação ao mesmo intervalo do ano passado. As vendas ao país somaram US$ 385,28 milhões, recuo de 37,44% na mesma comparação. "Nunca exportamos tão pouco para a Rússia", observou o dirigente.
Camargo Neto reconheceu que temia que o setor "não aguentaria ficar sem a Rússia". No entanto, conseguiu diversificar suas vendas. Hong Kong, por exemplo, o segundo principal cliente do Brasil, já se aproxima da Rússia. Até novembro, importou 120.161 toneladas, alta de 33,01% ante o mesmo intervalo de 2010.
Ele estima que as vendas para Hong Kong e China somadas superarão as destinadas à Rússia. O mercado chinês foi aberto este ano e os primeiros embarques aconteceram mês passado. Só três estabelecimentos brasileiros estão autorizados a vender, há cinco à espera de habilitação e outros 13 são "candidatos".
Ainda que esteja otimista com o potencial da China e também com a esperada abertura de Estados Unidos, Coreia e Japão, Camargo Neto tentou evitar estimativas para o próximo ano. Mas não descartou alcançar entre 620 mil e 650 mil toneladas se Rússia reabrir seu mercado e a China aumentar as compras.
Da produção total de carne suína este ano (veja quadro), 84,7% da foram absorvidas pelo mercado interno, acima dos 83% do ano passado. "A produção cresceu quase 5% sete ano, para 3,4 milhões de toneladas. Foram 180 mil toneladas a mais do que em 2010, que foram absorvidos integralmente pelo mercado brasileiro", disse Jurandi Machado, diretor de mercado interno da Abipecs.
Diante disso, houve crescimento de cerca de 5% no consumo per capita de carne suína no país, para 15 quilos. Esse crescimento também está relacionado, segundo Machado, à alta da carne bovina, que levou ao consumidor a migrar para o suíno.
A expectativa do setor é de que a demanda por carne suína siga forte ano que vem, quando a produção deve crescer de 2% a 3%. A Abipecs também espera queda nos preços do milho usado na ração animal, fator de pressão este ano.
Veículo: Valor Econômico