Frigorífico nega interesse em frangos e suínos, mas quer comprar ativos de distribuição da BRF; companhia fechará 2011 com receita de R$ 4,2 bilhões e aposta em demanda alta no próximo ano
Se a BRF Brasil Foods não conseguir vender o pacote de ativos definido pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para umúnico comprador, o que resultaria na criação de um concorrente de peso para o negócio resultante da fusão da Sadia com a Perdigão, o segundo passo seria o desmembramento dos ativos. Se isso acontecer, o frigorífico Minerva admite o interesse na parte de distribuição da BRF. A informação foi dada ontem por Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva, para quem o abate de frangos e suínos não interessa. Decisão que descarta as unidades de processamento da BRF.
Uma possível compra de ativos da BRF é o único investimento que o Minerva poderá fazer em 2012, além do aporte de R$ 80 milhões em manutenção das 11 plantas da companhia, previsto para o próximo ano. Esse valor é inferior à média de R$ 25 milhões investidos pelo Minerva por trimestre.
Com a meta de crescer organicamente, o Minerva deve fechar 2011 com uma receita de R$ 4 bilhões a R$ 4,2 bilhões, cerca de 15% a mais que o valor conquistado no ano passado. Para 2012, Queiroz se mostra otimista com o mercado de carne bovina e acredita que o aumento do salário mínimo contribuirá para o crescimento do consumo. “O mundo passa hoje por uma mudança na oferta e na demanda. Se de um lado a demanda de carne bovina tem crescido, principalmente por conta dos consumidores dos países em desenvolvimento, de outro a produção está caindo. Os Estados Unidos, por exemplo, têm hoje o menor rebanho dos últimos 60 anos. Além disso, por conta do subsídio à produção de etanol, há muitos produtores de bovinos seguindo para o milho”, analisa.
O Brasil, por sua vez, tem aumentado o número de matrizes e também de bezerros. Neste ano, a previsão é que o país alcance 50 milhões de cabeças de bezerros ante as 47 milhões de 2010. Este cenário deve contribuir para que o frigorífico cresça novamente por volta de 15% no próximo ano.
Hoje, 46% da receita do Minerva vem do mercado interno e os 54% restantes das exportações. Embora as oportunidades sejam crescentes dentro e fora do Brasil, com a questão do câmbio a tendência é que o Minerva chegue a 50% das vendas advindas do mercado interno no ano que vem. Hoje, o maior cliente do frigorífico é a loja de bairro, que responde por 60% das vendas.
Para diluir custos e aumentar a margem, o Minerva distribui não só sua carne, mas também frango , vegetais e pratos congelados de outras empresas em mais de 25 mil pontos de venda de pequeno e médio porte. “Ganhamos mais vendendo para o pequeno supermercado que para grandes redes como o Pão de Açúcar”, afirma Edison Ticle, diretor financeiro do Minerva. Ele lembra que este comprador é bom pagador e que os níveis de inadimplência são baixos. “Ele depende das carnes e dos outros alimentos que entregamos semanalmente para fazer o negócio girar.”
Frigorífico prepara avanço sobre a Ásia
A BRF tem procurado aumentar as vendas em mercados como o Oriente Médio, onde 40% da renda média da população é voltada para os gastos com alimentação. Em países desenvolvidos, este percentual gira em torno de 15%. China e Rússia são outros mercados de potencial para o Minerva.
Queiroz lembra que se um chinês comer um hambúrguer a cada bimestre, o consumo de carne na China saltará de três quilos por ano para quatro. "É um grande mercado, mas com várias particularidades." A Rússia, por sua vez, tem neste momente agentes fiscalizando várias plantas no Brasil que buscam habilitar ou reabilitar unidades de vários frigoríficos
Veículo: Brasil Econômico