Preço da carne bovina ficou 10% mais caro em novembro

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Apesar da alta do valor da proteína de gado em outubro, a previsão é de recuo em dezembro. Setor aposta em menos de R$ 105 por arroba.


O preço da carne bovina no Brasil ficou 10% mais alto no mês de novembro, ante o mês anterior, principalmente pelo baixo volume ofertado da proteína no País. Apesar de mais altos, os valores ainda estão abaixo dos patamares registrados no ano passado, quando a arroba era vendida em média a R$ 110, contra os R$ 105 pagos em novembro deste ano. A expectativa do mercado é que os preços voltem a recuar em dezembro devido à menor demanda por esta proteína.

"A oferta de animais não está muito grande, e isso tem limitado o mercado há alguns meses, sem qualquer perspectiva de mudanças para o final deste ano; a oferta deve continuar justa", comentou o analista de mercado da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar.

Historicamente, de maio a novembro o preço da carne bovina aumenta, devido ao período de entressafra da bovinocultura, que depende em grande parte da recuperação das pastagens. "O pasto possui uma sazonalidade e os preços dependem disso também. Com as chuvas que começam a chegar agora, em novembro, os pastos começam a se recuperar. E nesse período de maio a novembro a alimentação do boi depende quase que exclusivamente da ração, que acompanha os valores das commodities, muito caras este ano", comentou o diretor do Sindicato das Carnes de São Paulo, Pedro Cunha.

Em São Paulo os preços subiram cerca de 11% de outubro para novembro, passando de R$ 8.4 o quilo, para pouco mais de R$ 9.3, nos produtos vendidos pelos frigoríficos para o varejo. No mesmo período do ano passado, o salto foi ainda maior partindo de R$ 8.3 o quilo da carne bovina em outubro, para mais de R$ 9.9 o quilo em novembro. "E esse aumento de 10% dos valores da carne de outubro para novembro é decorrente do final do período de entressafra. Depois de novembro a tendência é que os valores voltem à estabilidade", garantiu Cunha.

Segundo o analista da Scot Consultoria, os valores vistos em novembro deste ano estão abaixo dos registrados do ano passado, mas muito acima do histórico do setor. A média dos preços vistos em novembro deste ano chegou a R$ 105 a arroba; o maior valor registrado foi de R$ 108 a arroba. No mesmo período do ano passado a média estava acima de R$ 110, e o maior valor era de R$ 118 a arroba. "Os valores foram remuneradores, sim, mas cada pecuarista tem seus custos e sabe onde o calo aperta, mas historicamente esse valor é muito bom. Em outubro o valor médio foi de R$ 99 a arroba", disse Aguiar.

A expectativa para o mês de dezembro é de valores mais baixos que os vistos em novembro, mas mais elevados que os preços registrados no mês de outubro. "E em dezembro esperamos que os preços fiquem mais baixos que em novembro, visto que a procura por outras proteínas, como o frango e os suínos é maior para o período. E a média deve ficar abaixo desses R$ 105", prevê o analista de mercado.

No ano passado, os preços da carne bovina recuaram mais de 9%, ante os R$ 9.9 registrados em novembro na cidade de São Paulo. E a expectativa para o estado é de manutenção dos valores neste ano. "A procura por aves e suínos é mais intensa em dezembro, com isso somente os cortes mais nobres de bovino mantêm uma procura maior", disse Cunha.

No Mato Grosso, apesar de a variação do preço da arroba do boi gordo de julho a novembro deste ano ter sido de 7,2%, ante os 37,2% do ano passado, houve uma aposta de 28,9% a mais no confinamento. Em 2010 foram confinados 592 mil cabeças e este ano subiu para 763 mil cabeças. O maior aumento foi registrado na região do Médio Norte, com 72% a mais, enquanto na Oeste houve uma queda de 16,4%. "A região do médio norte é grande produtora de grãos, e isso demonstra a verticalização da cadeia do agronegócio, transformando grãos em proteína animal", contou o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.


EUA

A oferta de gado nos Estados Unidos ainda segue bastante limitada neste final de ano, com a menor oferta de carne por pessoa em 50 anos, ponderou o economista da Universidade Purdue, Chris Hurt. Para ele, a tendência em 2011 é que os valores da carne bovina superem mais uma vez os recordes obtidos no ano passado. E isso deve acontecer até 2015.

A principal razão apontada pelo economista americano para essas altas é o custo de produção, que depende do confinamento dos animais. Com a alta mundial do preço das commodities agrícolas, os custos para alimentar o gado americano também ficaram mais elevados.


Veículo: DCI


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