BR Foods põe o pé no freio e preocupa varejistas

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Entrega de carnes especiais para o Natal, como tenders, chesters e perus, está em média 20% menor na comparação com o ano anterior e varejo teme falta de produto


Algo mudou na política comercial da BRFoods, uma das maiores empresas nacionais do setor de alimentos processados e congelados. Se até o ano passado as equipes comerciais de Sadia e Perdigão — as duas marcas que deram origem à BR Foods — tinham pressa para desovar produtos natalinos e pressionavam os varejistas a encher seus estoques de chesters, tenders e perus, neste ano, eles parecem ter tirado o pé do acelerador. Não é só o estilo devagar e sempre que tem cismado os varejistas. Os comerciantes desconfiam que a companhia tenha feito previsões de vendas mais comedidas de produtos natalinos para não correr o risco ficar estocada e ter de queimar tudo nas promoções de janeiro, vendendo peru a preço de frango.

“Até o ano passado era comum que eles produzissem uma quantidade muito maior do que o mercado comprava. O peru é em exemplo. Agora, eles devem estar produzindo menos e pode faltar produto”, diz Jovino Campos Reis, presidente do grupo mineiro Bahamas, dono de 28 supermercados e duas lojas de atacarejo — formato que une no atacado e varejo no mesmo espaço.

Receber as encomendas de perecíveis como panetones e carnes em um curto espaço de tempo sempre desagradou aos varejistas, principalmente os de médio porte. Isto porque, no geral, eles não têm espaço suficiente para armazenamento como as grandes redes. Mas, trabalhar com pequenas quantidades a pouco menos de um mês para a datamais importante do ano também não parece ser muito animador.

Tranquilidade

Em novembro de 2010, a rede paulista de supermercados Futurama já tinha recebido todas as encomendas feitas de produtos Sadia, mas este ano foi abastecida pela fabricante com apenas 20% dos pedidos. Além disso, a divisão de produtos Perdigão parece não estar com pressa de fechar os pedidos de Natal, outra atitude bastante atípica. “Temos uma reunião agendada com a Perdigão para esta semana. No ano passado, nesta mesma época, já tínhamos comprado tudo”, diz Antonio de Souza, gerente da rede.

A postura mais tranqüila da BR Foods não tem sido privilégio somente das empresas de médio parte. Os grandes supermercadistas também sentem que as negociações com companhia esfriaram. O executivo de uma grande rede de supermercados afirma que a companhia reduziu a pressão para a compra de carnes. “Com a fusão, Sadia e Perdigão tiveram que ter um maior controle em relação à produção”, diz. Procurada, a BRF Brasil Foods não se manifestou.

Promessa

O acordo firmado entre BRF Brasil Foods e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão teve uma série de exigências. Entre elas, ficou acertado a venda de diversas marcas com o objetivo de manter a concorrência no segmento alimentício.

Mesmo comprometida em se desfazer de parte da companhia, a BRF Brasil Foods segue com aquisições. Na semana passada, a empresa comprou a fabricante de queijos Heloísa por R$ 122,5 milhões. “O segmento de queijo no Brasil é muito fragmentado e oferece uma ótima oportunidade para a consolidação do mercado”, informa o relatório de Gabriel Vaz de Lima, analista do Barclays Capital.

A Heloísa pertencia ao grupo Vencedor, cuja sede fica em Terenos, em Mato Grosso do Sul. A empresa tem capacidade para processar 600 mil litros de leite por dia. É uma aquisição pequena já que representará menos de 0,5% das vendas da BRF Foods, segundo Lima.


Veículo: Brasil Econômico


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