Oferta do Brasil cresceu 97% nos últimos dez anos, enquanto os estadunidenses tiveram acréscimo de apenas 20% no mesmo período
A produção de frango no Brasil se aproxima à dos Estados Unidos, que há dez anos reinavam absolutos nessa área, seguidos pela China, que produz apenas para o mercado interno. Entre 2001 e 2010, segundo a Secretaria de Agricultura e Pecuária dos EUA (USDA, o Ministério da Agricultura norte-americano) a produção brasileira cresceu mais de 97%, enquanto a estadunidense avançou pouco mais de 20%.
Os números revelam que 10 anos atrás, em 2001, a produção brasileira de carne de frango correspondia a menos da metade da produção norte-americana. Na época o volume produzido pelo Brasil totalizou 6,567 milhões de toneladas, enquanto o dos Estados Unidos já passava de 14 milhões de toneladas.
Uma década depois, a distância que separa os dois países é bem menor. Pelas indicações do USDA, em 2011 a produção de carne de frango dos EUA deve situar-se em 16,9 milhões de toneladas, volume que irá representar aumento de pouco mais de 20% sobre o de 2001. Já a produção brasileira tende a ficar em 12,9 milhões de toneladas, volume que, se confirmado, significará aumento de cerca de 97% (ou seja, quase o dobro) sobre o de 2001.
Considerando o incremento médio anual dos dois países entre 2001 e 2011 - 1,9% ao ano nos EUA, 7% ao ano no Brasil -, por volta de 2017 a produção brasileira estará superando a norte-americana, quem sabe tornando-se a primeira do mundo.
É preciso convir, no entanto, que até mesmo no Brasil a evolução tende, doravante, a ser bem mais lenta que nos anos passados. Mesmo assim não é difícil o Brasil superar os EUA em menos de uma década ou pouco mais.
Queda nos EUA
Conforme as últimas projeções do Ministério de Agricultura dos EUA, a produção norte-americana de carne de frango do quarto trimestre de 2011 deve ficar em torno de nove bilhões de libras (4,082 milhões de toneladas), caindo cerca de 5% em relação ao que foi produzido entre outubro e dezembro do ano passado.
A despeito desse recuo trimestral, o total anual, previsto em 16,9 milhões de toneladas, será cerca de 1% maior que em 2010.
Não são boas, porém, as perspectivas para 2012. Em função dos altos preços das matérias-primas (milho e farelo de soja, principalmente) e da lenta evolução da economia norte-americana, o USDA entende que a produção de carne de frango não deve passar de 36,7 bilhões de libras (16,6 milhões de toneladas), recuando cerca de 1,7% sobre 2010.
Se as previsões do USDA se confirmarem, o volume estimado será o menor do triênio de 2010 a 2012, ficando abaixo até do que foi produzido em 2008, ou seja: será o segundo menor volume desde que eclodiu a crise econômica mundial no final da década passada.
China
Mas não é só dos EUA que a produção brasileira de frangos se aproxima. Há 10 anos a avicultura chinesa, a segunda maior de todo o mundo, produzia cerca de 3 milhões de toneladas de carne de frango a mais que o Brasil. Já as projeções do USDA para 2012 indicam que os chineses estarão produzindo somente 200 mil toneladas a mais. Enquanto o Brasil deve chegar a 13,6 milhões de toneladas, a China ficará com 13,8 milhões de toneladas.
Desempenho brasileiro
Feriados que entrecortam a semana têm sido, invariavelmente, prejudiciais ao setor, mas não o da última terça-feira, 15 de novembro, pois, apesar dele e mesmo entrando-se, na sequência, na segunda quinzena do mês, o frango vivo disponibilizado tanto no interior de São Paulo como em Minas Gerais continuou sendo negociado em ambiente firme.
O setor poderia até ter obtido novos reajustes de preços, não fosse o preço do frango abatido ser agora fator limitante.
Próximo do encerramento de novembro, vai ser preciso muito empenho para impedir que haja retrocessos de preço.
Veículo: DCI