A produção mundial de carne de aves deve ultrapassar 100 milhões de toneladas este ano, conforme relatório divulgado pela Agência de Agricultura e Alimentos (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU). A previsão é de que a produção alcance o recorde de 101,1 milhões de toneladas, 3,1% acima das 98,1 milhões de toneladas do ano passado. Apesar do avanço, o órgão observa que os altos custos de produção e regras sobre bem-estar animal limitaram o crescimento da oferta de aves nos principais países produtores.
Já a carne suína, proteína mais produzida e consumida do mundo, deve ter produção de 110,2 milhões de toneladas, 0,9% mais do que as 109,2 milhões de 2010. A produção de carne bovina perde terreno em 2011, caindo 0,5% para 64,6 milhões de toneladas.
O relatório mostra ainda que o comércio mundial de aves subirá 3,7% sobre 2010, para 12,1 milhões de toneladas. Já o de carne suína terá alta de 7,9%, para 6,6 milhões. O menor crescimento será no comércio global de carne bovina - 0,9% -, que deve atingir 7,6 milhões de toneladas em 2011.
Segundo a FAO, embora o comércio de carne de aves deva crescer quase 4%, o ambiente nesse mercado continua marcado por restrições comerciais e disputas envolvendo países. Enquanto Canadá e México devem elevar importações este ano, a queda nas cotas para frango da Rússia reduzem as perspectivas para o comércio global do segmento.
Na Ásia, diz a FAO, as crescentes importações de Japão, Filipinas e Vietnã estão mais do que compensando o declínio das compras da China, por conta de medidas antidumping que restringem os embarques dos EUA. Conforme a FAO, enquanto as vendas externas de aves americanas recuam, os embarques do Brasil e União Europeia devem crescer, favorecidos pela demanda de Hong Kong, Arábia Saudita e África. A maior oferta de aves na UE também estimula as exportações.
Estoques baixos de gado bovino, seca e iniciativas para recompor o rebanho devem reduzir a produção global de carne bovina este ano. Brasil e EUA, responsáveis por um terço da produção e das exportações globais, devem produzir menos. Nos EUA, observa a FAO, apesar da liquidação do rebanho, a produção declina por conta de uma seca histórica que afetou áreas de criação de gado. Já na América do Sul, a produção deve recuar pelo segundo ano por causa da baixa oferta de animais.
Ainda que o cenário indique manutenção dos preços altos para a carne bovina, a demanda deve crescer com os estoques baixos em importadores como Japão, Indonésia e Rússia. No Japão, a descoberta de contaminação radioativa no gado em área próxima de acidente nuclear este ano estimulou as importações.
Doenças que afetaram a produção de suínos na Ásia, dona de 65% do rebanho mundial, devem restringir o crescimento da oferta este ano, aponta o relatório da FAO. No fim de 2010, epidemias dizimaram planteis de suínos na China e Coreia do Sul, o que elevou os preços.
Na América do Sul, um declínio de 20% nos preços do suíno no Brasil e a liquidação de algumas operações após a restrição às importações por parte da Rússia limitam a produção e também devem reduzir os embarques brasileiros. O avanço de quase 8% do comércio global deve ser estimulado pela Ásia, principalmente por países como a China que importa mais para segurar a inflação.
Veículo: Valor Econômico