O lobby dos criadores de camarão contra o veto à exploração econômica do mangue teve êxito. O Código Florestal aprovado no Senado manteve os manguezais como áreas de proteção permanente, mas admitiu exceções em caso de interesse social.
"Não queremos uma folha dos mangues", disse o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão, Itamar Rocha. "Mas proibir o uso dos salgados e apicuns [áreas no interior ou contíguas aos mangues] significa prejudicar principalmente os pequenos criadores, que formam 75% da categoria".
Segundo Rocha, o setor emprega cerca de 40 mil pessoas e utiliza 20 mil hectares de áreas próximas aos estuários. A produção nacional de camarão é de 75 mil toneladas por ano. O Rio Grande do Norte é o maior produtor, com 20 mil toneladas anuais.
"São números absurdos para um país que tem 1 milhão de hectares propícios à criação de camarões", disse.
"O país gasta US$ 1,3 bilhão com a importação de pescado e R$ 1,3 bilhão com o seguro defeso, mas cada brasileiro consome apenas 8,2 kg de pescado por ano, metade da média mundial, de 17 kg por ano", afirmou.
A Folha esteve na região de criação de camarões no estuário do rio Potengi, no entorno de Natal. Ali, grandes áreas de mangue deram lugar a tanques e viveiros. Moradores dizem que as obras alteraram as marés no local.
No dia 10 de novembro, o Ibama e o Exército destruíram com dinamite, por decisão judicial, um viveiro de camarão em Tibau do Sul (RN).
Veículo: Folha de S.Paulo