Setor se organizou para evitar o excesso de oferta e a queda nos preços da carne, afirma o presidente do Minerva
Na Marfrig, abate de bovinos caiu 32%; no Minerva, a redução foi mais branda, de 3%, e JBS manteve volume
Apesar da retração no preço do boi gordo, os principais frigoríficos do país reduziram ou mantiveram o volume de abate de animais no primeiro trimestre deste ano.
O objetivo foi melhorar a rentabilidade das operações, uma antiga crítica ao setor.
Segundo Fernando Galletti de Queiroz, presidente do Minerva -terceiro em capacidade de abate no país-, o setor se organizou para evitar excesso de oferta e, como consequência, queda nos preços de venda da carne.
"O mercado está mais equilibrado. Existe maior racionalidade na parte dos abates", afirmou Queiroz.
Apesar do aumento da disponibilidade de animais, em virtude da reversão do ciclo pecuário, o volume de bois abatidos pelo Minerva caiu 3% em relação ao primeiro trimestre de 2011.
Como a demanda no período é sazonalmente mais fraca, por conta da ressaca das festas de fim de ano e da redefinição de cotas em países importadores, o Minerva evitou aumentar a produção.
A estratégia contribuiu para o aumento de 28% do Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) no primeiro trimestre, para R$ 77 milhões.
A queda da arroba do boi gordo também já traz efeitos positivos para o balanço financeiro, afirma o executivo. A arroba caiu de R$ 100, em dezembro, para os atuais R$ 94 em Barretos (SP), segundo pesquisa da Scot Consultoria.
MARFRIG
Na Marfrig, a redução do volume de abate de bovinos foi mais drástica, de 32%, em busca da "melhor rentabilidade das operações", informou a empresa.
A JBS foi exceção e manteve o volume estável. Mas a empresa apontou a queda no preço do boi como a principal razão para a melhora da margem bruta de suas operações no Mercosul, incluindo o Brasil, de 21% para 27% no primeiro trimestre.
Contudo, diante da melhora no cenário externo no segundo trimestre, o volume de abates pode aumentar.
A Marfrig já informou que três unidades que estavam paradas devem voltar a operar. "Estamos verificando o retorno de alguns mercados que reduziram as compras de carne do Brasil, como o Irã e a Rússia", disse Ricardo Florence, diretor de Relações com Investidores da Marfrig.
Apesar do maior cuidado na gestão operacional, os frigoríficos continuam com um desafio na área financeira: reduzir a alavancagem [proporção da dívida sobre o Ebitda].
Nenhum conseguiu reduzir esse índice. Na Marfrig, a relação entre dívida líquida e Ebitda ficou em 4,5 vezes, ante 4,4 vezes no trimestre anterior. No Minerva, ela subiu de 3,6 para 3,8 vezes, e, na JBS, de 4,0 para 4,3 vezes.
Veículo: Folha de S. Paulo