Arroba cotada entre R$ 85 e R$ 90.
A recuperação das exportações de carne bovina ao longo de abril está contribuindo para a sustentação dos preços do animal gordo no mercado interno no início da safra de boi de pasto. Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a arroba está variando entre o valor mínimo de R$ 85 e o máximo de R$ 90.
De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador técnico de bovinocultura da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires, a tendência entre maio e junho é que os preços se mantenham entre a estabilidade e uma pequena queda na cotação.
"Estamos em um período em que a qualidade e a oferta de pastagem começam a ficar escassas devido às interferências do clima, o que obriga o produtor a tomar decisões em relação ao número de animais que será confinado. Durante maio e junho aumentam os abates, promovendo a elevação da oferta e a redução dos preços. Porém, a manutenção dos valores observada até o momento se deve ao fato de a relação entre custo e preços futuros do boi gordo estar compensando o confinamento", diz.
Segundo levantamento da Emater-MG, houve ajuste de preços na semana entre os dias 10 e 16 de maio. Segundo Ávila, foi registrada queda de R$ 2 na arroba na região de Uberaba, Uberlândia e e Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, onde estão sendo praticados preços de R$ 87 a R$ 88 por arroba, queda de 2,27%.
"O frio e a seca causam efeitos negativos nas pastagens, levando à perda de peso dos animais. Para evitar prejuízos, o pecuarista se vê forçado a vender os bois já terminados gordos. Uma situação que resulta em pressão de baixa para os preços do animal gordo produzido exclusivamente no pasto, o que, combinado às especulações de mercado, contribui para o recuo nos valores de comercialização", pontua.
No restante das regiões produtoras de Minas Gerais, segundo a Emater-MG, as cotações mínimas se mantiveram estáveis e variaram entre R$ 85 e R$ 87 em Teófilo Otoni, Carlos Chagas e Nanuque, na região do Mucuri, e em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
As máximas estão entre R$ 88 e R$ 90 a arroba em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e em Unaí e Paracatu, no Noroeste. Na média geral para o Estado, os valores estão na faixa de R$ 87 a R$ 89 a arroba, preços livres ao produtor e a prazo.
De acordo com informações da Emater-MG, o momento é favorável aos pecuaristas, principalmente devido à queda observada nos preços do milho, que está avaliado entre R$ 19 e R$ 22 a saca de 60 quilos, nas principais regiões produtoras de Minas.
Retorno - Segundo Pires, para um período de 90 dias de confinamento, com alta eficiência, a análise do retorno econômico deve ser feita observando o custo de produção, hoje em torno de R$ 70 por arroba produzida, e o preço atual de mercado, entre R$ 85 e R$ 90, o que proporciona um retorno líqüido de R$ 15 a R$ 20 por arroba.
"Como para cada animal confinado são produzidas cinco arrobas, tem-se um retorno líqüido de R$ 75 a R$ 100 por boi confinado. Para um período de 70 dias, a prática segue favorável para a engorda de bovinos", calcula.
Um dos principais pontos que vem contribuindo para a formação de preços vantajosos para os pecuaristas é a retomada das vendas externas. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), somente em abril houve expansão de 30,81% nos volumes de carne bovina exportados por Minas Gerais, que alcançaram 4,7 mil toneladas. O faturamento gerado com as negociações no período foi de US$ 23,33 milhões, incremento de 22,67% quando comparado com igual período do ano passado.
Segundo informações da consultoria Safras & Mercados, as exportações de carne bovina têm papel fundamental na regulação do mercado interno, uma vez que reduzem a disponibilidade interna, proporcionando preços mais altos, tanto no varejo quanto no atacado.
Veículo: Diário do Comércio - MG