Copacol, do Paraná, minimiza crise e eleva aposta em frango

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As incertezas que rondam a economia global, a queda das exportações brasileiras de carne de frango e o aumento dos custos decorrente da disparada das cotações internacionais dos grãos não afetaram os planos de investimento da Cooperativa Agroindustrial de Consolata (Copacol), com sede em Cafelândia, no oeste paranaense. Ao contrário. O grupo continua firme em seus planos de investir cerca de R$ 160 milhões, até o fim de 2013, na construção de um novo abatedouro, uma fábrica de rações e um incubatório de pintinhos.

O foco principal da cooperativa é a produção, industrialização e comércio de carne de frango. Mas a Copacol também trabalha com suínos, peixes, leite e produtos industrializados. "A crise ainda não afetou nossos planos porque o mercado interno está aquecido e as exportações para a Ásia, principal destinos de nossos produtos no exterior, mantêm-se estáveis", afirma Valter Pitol, presidente da Copacol.

"Todo esse investimento faz parte de um objetivo maior, que é aumentar o faturamento e a rentabilidade da cooperativa, com sustentabilidade", diz Pitol. Em 2011, a Copacol faturou R$ 1,38 bilhão, 24% mais que em 2010, e distribuiu aos associados R$ 15 milhões. A meta é alcançar R$ 2 bilhões em cinco anos, com rentabilidade de 5% - hoje o percentual gira em torno de 2,5%. Para 2012, a previsão é alcançar R$ 1,5 bilhão.

O frigorífico está sendo construído em Ubiratã, também no oeste paranaense, e faz parte de um projeto conjunto com a cooperativa Coagru, sediada no município. Copacol e Coagru formaram a joint venture Unitá e cada uma arcará com aportes de R$ 75 milhões. Com o investimento, a capacidade de abates de frangos da Copacol, hoje de 350 mil aves por dia, deverá dobrar. Sua parceria ainda não atua no segmento. A meta é chegar a 650 mil até 2014.

"Somos 826 produtores de aves integrados, 1.055 aviários e teremos 450 mil metros quadrados para o abate das aves", diz Pitol. O abate de frango representa quase metade do faturamento de carnes da cooperativa - que, somada ao comércio de suínos e tilápias, representa 60% de seu faturamento total da Copacol, que tem 4,7 mil cooperados e 7,2 mil funcionários. Dos frangos abatidos, 35%, ou 5,5 mil toneladas, vão para o exterior, principalmente para China, Japão e Coreia do Sul. "A crise não chegou lá", completa Valter Pitol.

Já o investimento na fábrica de rações serve para atender à maior criação de frangos e também à criação de suínos da Copacol. A unidade está sendo erguida na cidade de Jesuítas, na mesma região do oeste do Paraná, está orçada em R$ 50 milhões e deve ser concluída no fim deste ano. "Vamos produzir 40 mil toneladas de ração por mês", diz Pitol. A incubadora de pintinhos deverá receber uma aporte total de R$ 40 milhões.

A Copacol fomenta entre seus cooperados todo o plantio de soja e milho que consome para alimentação animal. Atualmente, 800 mil toneladas de grãos são colhidas por ano, 450 mil das quais de milho. Desde janeiro, a cooperativa também conta com uma unidade esmagadora de soja, que consumiu R$ 80 milhões e tem capacidade para 1,8 mil toneladas do grão por dia.

Segundo Pitol, apesar da quebra da safra na região Sul, por causa da estiagem no verão, a Copacol tem soja suficiente para manter as criações até fevereiro do ano que vem. Com a construção do novo frigorífico, 70% da soja produzida pelos cooperados será destinada à produção de farelo para frangos e suínos.

A produção de 800 suínos por dia, por 100 associados, é completamente dirigida para a Frimesa, empresa paranaense criada pela Copacol e outras quatro cooperativas da região: Lar, Copagril, CVale e Primato. A Copacol também destina 800 mil litros de leite por mês à Frimesa.

"Temos um sistema integrado que engorda o porco até 22 a 23 quilos; depois vendemos ao produtor, que o engorda até 120 quilos. Depois disso, encaminhamos os suínos à Frimesa, que abate, industrializa e comercializa", diz Pitol. Só em 2012, o número de matrizes suínas dos cooperados cresceu de 2,7 mil para 4,2 mil em Jesuítas - sem contar a unidade de Formosa do Oeste, que tem 4,2 mil matrizes.

Ao produtor é pago o preço de entre R$ 20 e R$ 22 por cabeça, valor semelhante ao praticado no ano passado, mesmo após o aumento de custos de produção devido à elevação dos preços dos grãos que compõe as rações. "Na nossa ponta, o preço de custo não foi tão alterado, já que somos autossuficientes em milho e farelo de soja para a produção de ração", afirma o presidente da Copacol.

No caso das tilápia, a produção total de 40 mil peixes por dia é voltada ao mercado interno e apenas a pele do peixe é exportada para França. "Hoje, abatemos 20 toneladas de peixe por dia, mas vamos chegar em 2015 com 40 mil toneladas ao dia, apenas melhorando a tecnologia e a produtividade", conclui Pitol.



Veículo: Valor Econômico


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