Depois de impulsionar os resultados da JBS no segundo trimestre, as operações de carne bovina da companhia no Brasil devem se consolidar com margens de dois dígitos pelo menos até 2013, acredita o presidente da JBS, Wesley Batista.
"Continuamos bastante otimistas com a expansão do negócio de bovinos do Brasil, com uma margem de dois dígitos de forma sustentável nos próximos trimestres e no próximo ano", afirmou Batista, em conferência com analistas. Segundo ele, a maior oferta de gado para abate no atual ciclo pecuário, a ampliação do uso da capacidade instalada e o câmbio favorável para a exportação de carne bovina sustentarão os resultados da JBS Mercosul, unidade que contempla as operações da JBS no Brasil.
Para aproveitar a maior oferta de gado no Brasil, a JBS ampliou sua capacidade anual de abate em 2 milhões de cabeças, a partir do arrendamento ou aquisição de 13 frigoríficos só em 2012. No segundo trimestre, a JBS Mercosul abateu 2 milhões de cabeças, acréscimo de 16% sobre o mesmo intervalo de 2011.
A unidade brasileira foi a principal responsável pelo salto de 72,3% do Ebitda (o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da JBS, que atingiu R$ 1,012 bilhão entre abril e junho. Com uma receita líquida de R$ 4,3 bilhões - ou 23% do faturamento total da companhia -, a JBS Mercosul obteve um Ebitda de R$ 630 milhões, equivalente a 62% do resultado total da JBS no período.
Se as operações no Brasil ajudaram, o mesmo não aconteceu com a unidade de bovinos da JBS nos Estados Unidos, que amargou uma margem Ebitda negativa de 0,2% no segundo trimestre, devido aos os preços elevados do boi gordo. A expectativa, contudo, é que companhia consiga reverter esse quadro no segundo semestre, afirmou o presidente da JBS. Segundo ele, a indústria americana como um todo está reduzindo os abates para restabelecer as margens. "No segundo semestre, vamos trabalhar com margens melhores. Acho que 5% é um patamar razoável", previu Batista.
Por outro lado, as perspectivas do executivo são menos favoráveis para a Pilgrim's Pride, unidade de frango da JBS nos EUA. Batista acredita que a divisão de negócios sentirá os impactos da quebra da safra americana de grãos de maneira mais intensa no quarto trimestre deste ano. Responsáveis por 25% dos custos de produção, os preços dos grãos que compõem a ração dos animais dispararam em julho.
Para o terceiro trimestre, a Pilgrim's deve manter a rentabilidade, conforme o executivo. "Tínhamos uma posição de milho e soja comprada, então ainda não sentimos o impacto. Vamos comprar grãos aos preços de hoje no quarto trimestre", justificou Batista.
Entre abril e maio, a Pilgrim's obteve um Ebitda de US$ 125,7 milhões, ante uma perda de US$ 47,6 milhões no mesmo período do ano passado. Já a margem Ebitda da unidade saiu de um resultado negativo de 2,4%, um ano antes, para 6,4% no segundo trimestre deste ano. "Se não tiver repasse de preços no quarto trimestre, vamos reduzir essa margem para o break-even [ponto de equilíbrio] ou ao redor de 1%", estimou. Ele acredita que a Pilgrim's não conseguirá repassar toda a alta dos grãos para a carne de frango.
Veículo: Valor Econômico