Os recentes embargos levantados contra a carne bovina do Brasil não foram capazes de evitar que o país alcançasse uma nova marca histórica. Entre janeiro e a segunda semana de dezembro, as exportações brasileiras de carne bovina renderam US$ 5,5 bilhões, um recorde, informou ontem a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Até então, o melhor ano para o segmento havia sido 2008, quando suas vendas externas somaram US$ 5,4 bilhões.
Se depender das estimativas da Abiec, o resultado será ainda maior. A entidade prevê que, até o fim de dezembro, a receita com as exportações atingirá US$ 5,8 bilhões. O montante representa um salto de 18,3% sobre os US$ 4,9 bilhões do mesmo intervalo do ano passado. O Brasil convive com um duplo cenário favorável: no front interno conta a maior oferta de boi gordo. Na área externa, há menor concorrência dada a restrição de oferta em seu maior "adversário", os Estados Unidos.
Em relatório divulgado ontem, a Abiec voltou a minimizar os embargos impostos à carne bovina do país devido a confirmação, no último dia 7, de um caso "não clássico" da doença da "vaca louca" no Paraná. Segundo a entidade, os países que levaram barreiras respondem por apenas 4,42% das exportações.
A novidade do relatório foi a presença de Taiwan entre os mercados que proibiram as compras de carne bovina do Brasil. O Valor PRO, serviço de tempo real do Valor, apurou que o Ministério da Agricultura recebeu, apenas no fim da tarde de ontem, um comunicado oficial de Taiwan, que engrossou uma lista que já incluía Arábia Saudita, China, Japão, África do Sul e Coreia do Sul. O Egito, um dos maiores importadores da carne brasileira, também levantou barreira, mas apenas à carne bovina do Paraná, fornecedor irrelevante para o mercado egípcio.
Apesar da possível restrição, Taiwan também é um mercado irrelevante para as exportações brasileiras de carne bovina. Entre janeiro e novembro, importou apenas 5,5 toneladas de carne bovina brasileira de um total de 1,134 milhão de toneladas. A Arábia Saudita segue como o único mercado relevante a proibir a carne brasileira. Os sauditas respondem por 3% das vendas externas de carne do Brasil.
Ontem, o presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, elogiou a estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura no caso da "vaca louca", ao priorizar os principais países importadores da carne do país.
Entre os meses de janeiro e novembro deste ano, o Brasil vendeu carne bovina para 138 destinos, de acordo com o relatório da Abiec. Mais uma vez, a Rússia liderou o ranking dos importadores. No período, os russos compraram 19% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil. Hong Kong e União Europeia, com 14% das vendas brasileiras, e Egito, com 10%, integram o time dos maiores importadores de carne bovina do Brasil.
No acumulado deste ano até novembro - último detalhamento disponibilizado pela Abiec -, as exportações do Brasil renderam US$ 5,2 bilhões, salto de 6,3% sobre o mesmo período de 2011. Em volume, esses embarques somaram 1,134 milhão de toneladas, incremento de 12,25% na mesma comparação. O preço médio da carne brasileira enviada para o exterior recuou 5,2%, para US$ 4,648 mil a tonelada, informou a entidade.
Das exportações totais de carne bovina, 75,9% foram do produto in natura. Já os miúdos responderam por 12,6%, enquanto que as vendas de carne industrializada contribuíram com outros 8,7%.
Veículo: Valor Econômico