Responsáveis por 3% das importações do produto do Brasil, os sauditas compraram este ano, até outubro, R$ 143,4 milhões
A Arábia Saudita anunciou ontem a proibição de importação da carne bovina brasileira por conta do caso de doença da vaca louca registrado em um animal no Paraná, em 2010. O País é o quarto a adotar o embargo e, até agora, o mais importante: é o responsável por 3% das exportações brasileiras do produto e o nono maior comprador. Este ano, importou o equivalente a US$ 143,4 milhões até outubro.
A medida, segundo uma nota da Autoridade Saudita para Alimentos e Medicamentos, inclui a proibição temporária de carne resfriada, congelada ou enlatada, assim como derivados, até "a eliminação das causas que a ela levaram". O embargo vale para toda a carne brasileira, independentemente do Estado de origem. Também ontem o Egito anunciou a proibição, mas apenas de produtos ou animais vindos do Paraná.
A adesão de mais dois países ao embargo à carne bovina - mesmo que parcial no caso do Egito - confirma o temor do governo brasileiro de um efeito cascata desde que o Japão determinou a suspensão da importação no início da semana passada. Em seguida, China e África do Sul também aderiram. Até este momento, no entanto, a preocupação era menor pelo fato de nenhum dos três país serem grandes compradores, respondendo por apenas 1,5% das importações do produto.
O Itamaraty havia já decidido iniciar consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) com os países que adotaram o embargo e também iniciar uma discussão sobre o caso no Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), mas ainda nada foi feito. Esperava-se o resultado de missões que o Ministério da Agricultura decidiu enviar a esses países. Agora, as ações devem ser aceleradas.
De acordo com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, os maiores importadores do Brasil foram procurados na semana passada e haviam garantido que não adotariam restrições. Entre eles, Arábia Saudita e Egito. O ministério também fez contato com países que estariam analisando a suspensão das importações, como Venezuela e Irã e ouvido que não haveria suspensão de importação. Na Venezuela, que compra a maior parte dos animais vivos do Brasil, há pressão pelo embargo.
As restrições começaram depois que o governo brasileiro confirmou que um animal de Sertanópolis (PR), que morreu de um mal súbito há dois anos, era portador da proteína causadora da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) - nome oficial da doença. A rês, no entanto, não desenvolveu a doença nem morreu por causa dela, o que levou o caso a ser classificado como "não clássico" e restrito. A Organização Internacional de Saúde Animal (OEI), depois de analisar a situação, continuou avaliando o Brasil como "risco insignificante" para a EEB.
Veículo: O Estado de S.Paulo