Meta é incluir outros produtos na lista de exportação e garantir uma reaproximação com o disputado mercado japonês
Reconhecido internacionalmente como o único Estado do Brasil livre da aftosa sem vacinação, SC é a primeira região do país a exportar carne suína para os EUA
O exigente mercado americano abriu as portas para a entrada da carne suína catarinense, o que representa um importante passo para que outros produtos do agronegócio embarquem de SC para os EUA e ainda pode garantir uma reaproximação com o disputado Japão.
O embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, esteve reunido nesta quarta, na Fiesc, para alinhar um acordo comercial.
O status sanitário do Estado, reconhecido internacionalmente como o único do Brasil livre da aftosa sem vacinação, tornou SC o primeiro Estado do país a exportar carne para os EUA. Os americanos são hoje os maiores produtores e um dos principais exportadores de carne suína no mundo. Por isso, SC não aposta na exportação de grandes volumes.
De qualquer maneira, como destacou o embaixador, o mercado americano está sofrendo com a seca, que torna escasso um dos principais insumos na produção de suínos: o milho. Então, segundo ele, há mercado para o produto catarinense.
— Brasil e EUA têm, agora, uma boa oportunidade de construir uma parceria importante no setor agropecuário e de melhorar a segurança alimentar no mundo.
De acordo com o presidente do Sindicarne, Clever Ávila, SC deve começar vendendo matérias-primas para industrialização. E depois, cortes específicos de suínos, como o bacon. Por enquanto, não há previsão de quando e de quanto será exportado.
Como explicou Ricardo Gouvêa, diretor do Sindicarne, desde janeiro, quando os EUA habilitaram seis frigoríficos do Estado a exportar, um documento com todas as especificações técnicas de como o produto catarinense deve entrar no mercado americano começou a ser desenvolvido. Agora, iniciam as tratativas comerciais entre empresários.
O ministro do Departamento de Agricultura da embaixada americana, Robert Hoff, afirma que novos produtos, além de bacon e itens para a indústria, podem surgir durante as tratativas. Um deles é a picanha suína.
A abertura do mercado americano é um selo de qualidade e deve abrir novas portas para o Estado. O presidente da Cidasc, Enori Barbieri, observa que as recentes mudanças na equipe de agricultura do governo do Japão, além das deficiências sanitárias da carne do Paraná, podem atrasar as negociações de SC com o Japão para a carne suína. Ele acredita, no entanto, que o estreitamento de laços com os EUA deve reverter a situação.
ENTREVISTA
Thomas Shannon, embaixador dos EUA no Brasil
O embaixador dos EUA no Brasil esteve em Santa Catarina para celebrar, entre representantes do setor e da indústria catarinense, a abertura do mercado americano para a carne suína do Estado.
Diário Catarinense — Quais são os principais produtos que o Estado exporta para os EUA e quais setores catarinenses têm potencial para novos negócios?
Thomas Shannon — Santa Catarina exporta uma mistura de produtos agrícolas e industriais. E essa diversidade é muito interessante. Mas posso destacar os compressores para motores de geladeira. As novas oportunidades estão na agropecuária, com um ótimo acesso portuário. Santa Catarina vai oferecer uma plataforma para as empresas americanas produzirem para o mercado doméstico daqui, mas também para exportar.
Diário Catarinense — Com a abertura para a carne suína, SC pode começar a exportar outras carnes?
Thomas Shannon — Cada passo de uma vez. A indústria agropecuária tem que começar a exportar para os Estados Unidos e, depois disso, veremos qual será o próximo passo.
Diário Catarinense — O que SC pode aprender com os EUA, o maior produtor no mundo?
Thomas Shannon — Acredito que a pergunta deveria ser: o que os Estados Unidos têm a aprender com a indústria agropecuária de Santa Catarina. O sistema sanitário daqui funciona muito bem e deveria servir de referência.
Diário Catarinense — O Sistema Geral de Preferências (SGP) beneficia a exportação de países em desenvolvimento com tarifas alfandegárias reduzidas. É o que acontece na relação entre EUA e Brasil. Com o aquecimento da economia brasileira, esse sistema deve acabar?
Thomas Shannon — Esse sistema existe há muitos anos e é muito importante para os EUA abrirem novos mercados. Assim como muitas empresas americanas, instaladas no Brasil, aproveitam desse sistema de preferências para exportar daqui para os EUA, o que dá força para o sistema. Mas a decisão de manter ou não o SGP depende do nosso Congresso. Até o momento, não vi nenhuma indicação de que esse programa irá terminar.
Veículo: Diário Catarinense