Sinal verde para a carne brasileira

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Brasil manteve o status de "risco insignificante" para o mal da vaca louca. Países devem retomar importação do produto


O comitê científico da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) anunciou nessa segunda-feira que manteve o status de “risco insignificante” da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como mal da vaca louca, para o Brasil, apesar de um suposto caso da doença ter ocorrido há três anos em uma fazenda do Paraná. A decisão deve facilitar a retirada dos embargos contra a importação da carne brasileira, impostos por vários países, entre eles Arábia Saudita, Japão e China.

Os técnicos da OIE, reunidos na semana passada em Paris, decidiram manter a posição oficial de maio, mas a questão voltará a ser analisada em setembro, com as informações detalhadas solicitadas às autoridades brasileiras. “O episódio em questão não coloca em risco a saúde animal ou dos consumidores”, afirmou o comunicado. A observação foi motivada, sobretudo, pelo fato de o bovino infectado no Paraná ter sido destruído e de que nenhuma de suas partes serviu de alimento para animais ou pessoas.

O novo parecer foi obtido após uma sabatina do comitê da OIE com técnicos do Ministério da Agricultura brasileiro. Foi pedido ao Brasil que, no futuro, amostras clínicas sejam encaminhadas mais rapidamente para confirmação de diagnóstico por um laboratório de referência da própria organização. Para o diretor de Saúde Animal da pasta, Guilherme Marques, o principal fator desse processo é o reconhecimento das medidas adotadas pelo sistema nacional de prevenção. “A manutenção do status reafirma a qualidade do sistema”, apontou. Ele sublinha que apenas 19 países detêm o mesmo status sanitário, o que favorecerá, inclusive, futuras negociações com novos mercados.

Segundo os protocolos da OIE, a aparição de um caso de vaca louca não conduz automaticamente a uma suspensão do status de risco de doença, exceto se uma modificação da situação epidemiológica indique um fracasso das medidas estabelecidas para a redução de riscos de doença. De toda forma, a confirmação de melhora sanitária da pecuária abrirá caminho, principalmente, para a venda de tripas bovinas para a União Europeia. Desde 2001, o país vem adotando medidas para eliminar o risco de entrada dessa doença.

Perpectivas Os empresários do setor festejaram o comunicado da OIE e acreditam que o caminho para ampliar as exportações foi reaberto após o susto de 2010, com as reações à notícia de vaca louca no país. A expectativa é de que parceiros comerciais do Oriente Médio retomem as importações imediatamente, considerando o compromisso feito por eles de retirar o embargo logo após a publicação do parecer da organização internacional. A dúvida continua sendo o comportamento das autoridades chinesas.

“Os criadores vão se reunir em março para apresentar novas sugestões ao governo para reforçar a confiança no Brasil”, informou Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Carne (Abiec). Ele calcula que os transtornos gerados pela suspeita da ocorrência da doença afetaram apenas 5% das encomendas, perda a ser compensada nos próximos meses.

Camardelli acredita que a meta de ampliar em 2013 os volumes exportados em 10% sobre o ano anterior será conquistada. Em 2012, o setor exportou US$ 5,7 bilhões, e só não completou a meta de US$ 6 bilhões devido à suspensão das compras pelo Irã de janeiro a maio.

Segundo dados do governo, as áreas de pastagens recuaram 8% de 1975 a 2011, período em que o número de cabeças de bovinos dobrou, passando de 102,5 milhões para 204 milhões. Há 32 anos, a área de pastagens naturais e plantadas era de 165,6 milhões de hectares. Em 2011, caiu para 152 milhões de hectares.



Veículo: Diário de Pernambuco


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