Safra traz camarões miúdos e escassos no sul

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Pescadores reclamam que falta de flexibilidade no defeso reduziu a oferta


Aberta há duas semanas, a safra do camarão na Lagoa dos Patos está abaixo da expectativa de pescadores e comerciantes, devido à pequena quantidade e ao tamanho, médio ou miúdo. A situação já se reflete nos preços, maiores do que no mesmo período em 2012.

A razão apontada é a fixação de uma data para início da captura. Uma normativa do Ibama marca para 1º de fevereiro o início da permissão. O defeso, como é chamado o período de reprodução e crescimento, deve ser respeitado sob pena de aplicação de multas acima de R$ 100 mil e apreensão de material. A reclamação dos pescadores é a inflexibilidade: para eles, o defeso deveria ser definido ano a ano, conforme o volume de chuva, vento e salinidade da água. Quanto mais salgada, mais os camarões podem se desenvolver. Se for capturado antes de se desenvolver, o crustáceo pode escassear antes de maio, quando termina a safra. Se crescem antes de chegar a permissão, os graúdos vão para o oceano.

Preços estão mais altos do que no ano passado

Em Rio Grande e São José do Norte, duas das principais cidades produtoras, havia abundância em 2012. Segundo o presidente interino da colônia Z-2, Soni Araújo Jardim, cada pescador chegava a pegar duas toneladas entre fevereiro e maio.

– Neste ano, o camarão graúdo foi quase todo embora – reclama.

O reflexo está nos preços: o quilo do crustáceo miúdo e médio sujo (com cabeça e casca) é vendido a R$ 8. Em 2012, o mesmo volume do graúdo saía por R$ 6. Descascado e pronto para comer, o camarão custa R$ 20, mais de R$ 2 a mais do que ano passado.

Para os comerciantes, os reflexos são ainda maiores. Éder Krummenauer, diretor comercial da Frumar, empresa que faz o meio-campo entre pescadores e restaurantes, afirma que seu caminhão está estacionado no sul do Estado há mais de 10 dias. Não consegue 10 ou 12 toneladas que encheriam o veículo.

– Negociamos com restaurantes de alto padrão, que adquirem camarão graúdo. Do jeito que está vindo, não é possível revender – constata.

Proprietário de um dos mais conhecidos restaurantes de frutos do mar do Estado, Marcos Costa prefere negociar com pescadores ou cooperativas. Não conseguiu comprar nada desde o início da safra. Se não aparecerem os graúdos, apelará para criações de cativeiro, que costumam custar 50% a mais.



Veículo: Zero Hora - RS


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