Preço do frango pode ter redução

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Produtores prevêem queda no início do ano que vem. Motivo é a crise mundial, que afetou as exportações


Marinella Castro 


A queda nas exportações brasileiras de frangos preocupa o setor produtivo e aponta para um cenário de redução de preços e de atividade no primeiro semestre de 2009. Desde novembro, o segmento começou a desacelerar e, já neste fim de ano, o ritmo da produção deve cair 20%, com objetivo de adequar a oferta à demanda. A principal justificativa para o desquecimento do setor é a crise financeira mundial, que afetou os embarques brasileiros para mercados como o europeu, sul-americano e russo. Nos três últimos meses do ano, a média exportada de 350 mil toneladas/mês caiu cerca de 15%. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o prognóstico para o primeiro trimestre do ano não é nada animador. As exportações não devem ultrapassar de forma significativa as 100 mil toneladas/mês, provocando uma super-oferta do produto no mercado interno e derrubada de preços.


As duas maiores empresas exportadoras de frangos e carnes processadas do país, Sadia e Perdigão, estão em férias coletivas e já dão uma mostra dos possíveis efeitos da tormenta mundial sobre a desaceleração no consumo. Neste fim de ano, a Sadia incluiu em sua programação produtiva paradas técnicas em algumas linhas de abate de aves. De acordo com a empresa, existe a necessidade de ajustar o estoque à sazonalidade do negócio. A Sadia também afirmou que a medida está alinhada à recomendação feita pela União Brasileira de Avicultura (UBA) e pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef) à indústria, de reduzir a produção de frango em cerca de 20%. A Perdigão anunciou que, em vista de um primeiro trimestre difícil, irá reduzir em 20% sua produção de frangos, suínos e perus.


O setor, que seguia embalado por dois anos de crescimento acima da taxa média anual de 6% (2007 fechou com crescimento de 12%, e 2008 próximo aos 10%), tem pela frente um cenário de desaceleração. “Uma das maiores preocupações do abalo mundial é com o risco de demissões”, analisa Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Industrial da Fiemg. Em Minas Gerais, está no Triângulo Mineiro a maior concentração de empresas que podem reduzir o quadro de funcionários. Na região, o setor é responsável por um número superior a 10 mil postos de trabalho. “O setor deve ser rápido para fazer os ajustes necessários e retomar o crescimento dentro de seis meses”, aponta José Flávio Mohallem, vice-presidente da Granja Planalto, em Uberlândia, região do Triângulo.


OVOS FÉRTEIS Em novembro, o alojamento de ovos férteis no país (para produção de novos animais) caiu de 500 milhões/mês para 430 milhões. Segundo estimativa da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), os efeitos da redução na produção de frango chegam ao mercado em janeiro. No entanto, os embarques que não serão realizados para o mercado externo devem apagar pressões de alta no preço do produto. A tendência é que, em janeiro, o frango permaneça em queda no mercado interno. O risco, como aponta Marília Martha Ferreira, superintendente da Avimig é a reconstrução da cadeia quando a oferta se normalizar. “Reduzir a produção é rápido, em um mês já é possível ter resultados. Já para refazer a cadeia demora de oito meses a um ano”, calcula.


A previsão da (Abef) era que este ano os embarques ao mercado externo chegassem a 370 milhões de toneladas. No entanto, com os resultados menos favoráveis do último trimestre, é possível que a meta não seja alcançada, ficando entre 330 milhões e 350 milhões de toneladas. 


Veículo: O Estado de Minas


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