Mesmo em tempos de crise econômica, a Perdigão não vai deixar de lado a estratégia elaborada ao longo deste ano para ampliar a penetração da marca Batavo no pequeno varejo em 2009. O objetivo é colocar os planos traçados ao longo de 2008 em prática para aumentar em 10%, em volume, as vendas dos produtos lácteos Batavo, com a modificação da estratégia de abordagem das equipes de comercialização. A meta é levar a Batavo a 60 mil clientes até o final do próximo ano, antes os 35 mil atuais revendedores da marca. "Vamos unificar as forças de vendas no pequeno varejo", disse Wlademir Paravisi, diretor-geral de negócios Batavo-Elegê. Em outras palavras, isso significa que ao invés de uma padaria receber a visita de cinco ou seis forças de vendas que oferecem o mesmo tipo de item - mas com marcas diferentes - , o comerciante vai receber a visita de apenas uma equipe e que vai oferecer a ele os itens de marcas que mais se encaixem com o perfil do consumidor daquela região.
A estratégia foi elaborada ao longo de 2008 e tem como alvo o pequeno varejo, ou seja, os comércios que tem até quatro check-outs (ou caixas), segundo Paravisi. "Mesmo que não esperemos retração de consumo depois da crise, tampouco há otimismo exacerbado. O aumento de vendas que esperamos deverá resultar da estratégia para maior penetração da marca Batavo no mercado e não do aumento de consumo de produtos", reforçou o executivo. A expectativa do aumento de vendas dessa marca para 2009 é superior à estimativa do também projetado crescimento, em torno dos 5% e 7% em volume, para as vendas de produtos Elegê, também da Perdigão. Os itens Batavo e Elegê têm perfis distintos, na sua maioria. Os Batavo têm maior valor agregado enquanto a Elegê reúne itens que podem ser batizados de commoditizados (leite em pó, fluído e queijo).
A divisão de lácteos da companhia, somadas as duas marcas, representou fatia de 35,3% das vendas totais da Perdigão no mercado interno no terceiro trimestre de 2008, dados mais recentes. No total, o faturamento da empresa nesse período alcançou R$ 2 bilhões, sendo que a maior fonte de receita foi proveniente da venda no segmento de carnes, com fatia de 51,7%, de acordo com dados divulgados no último balanço.
Setor no Brasil
Os especialistas não arriscam traçar previsão para o setor em 2009 em consumo ou produção. O ano de 2008 foi caracterizado por altos e baixos. Começou com bons preços pagos pelo leite ao produtor, empresas investindo e recorde de exportações de leite em pó - principal produto comercializado no exterior. Os preços no mercado internacional também chegaram a níveis recordes.
No entanto, a partir de junho, as cotações pagas ao produtor no mercado interno começaram a recuar e se mantiveram em queda livre. Considerando o período acumulado até meados de dezembro, a queda de preços ao produtor no mercado doméstico soma baixa de 20,23%, chegando a R$ 0,591 o litro em dezembro (preço pago ao produtor referente ao produto entregue em novembro). Essa cotação é a média nacional. Entre outros motivos, a queda ocorreu por conta do excedente de produção e a demanda não assistiu a grandes saltos. A cotação mais recente é a mais baixa desde 2006, quando o setor passou por seu pior momento nesta década, pelo menos até agora. Dessa forma, não há expectativas para que os preços voltem a cair. "A cotação chegou a seu limite mínimo. Não acredito em reação de preços, mas tampouco devem ocorrer novas baixas", avalia Cristiane de Paula Turco, consultora da Scot Consultoria.
De acordo com levantamento recente da Scot junto a 300 indústrias captadoras e produtores, 57% desse público é a fatia que fala em estabilidade de preços nesses níveis para o próximo pagamento ao produtor, em janeiro. Outros 32% dizem que o nível de preços vai baixar mais e outros 11% acreditam em reação das cotações. Apesar da queda livre até agora, a média nacional de preços acumulada neste ano ainda não é mais baixa do que foi a média anual de 2006. Esses valores equivalem, respectivamente, a R$ 0,697 por litro e R$ 0,567 por litro.
Outro fator que não ajuda ao cenário é a baixa do ritmo das exportações no final do segundo semestre, quando começaram a refletir os efeitos da turbulência global. "Em novembro já houve queda de receita, acredito, que por conta dos reflexos da crise", avaliou Cristiane. No mês passado, a receita com exportações chegou a US$ 23,4 milhões - derrocada de 54% na comparação com o resultado de outubro. Setembro foi o mês pico para as vendas externas, quando o País exportou o equivalente a US$ 67 milhões. No acumulado do ano, ainda assim, o resultado é recorde. Até novembro, o Brasil obteve receita com vendas externas equivalente a US$ 454,5 milhões e poderá alcançar US$ 480 milhões no ano de 2008, se dezembro mantiver o ritmo de novembro. Em 2007, os exportadores do setor faturaram US$ 273,2 milhões com exportações, cifra 66,3% menor se comparada aos resultados obtidos até novembro de 2008.
Mesmo em tempos de crise econômica, a Perdigão manterá a estratégia elaborada ao longo deste ano para ampliar a penetração da marca Batavo no pequeno varejo em 2009.
Veículo: DCI