Consumo de carnes cresce 70% e amplia mercado para brasileiros

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O continente africano importou US$ 6,48 bilhões em alimentos industrializados do Brasil em 2012, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). Este resultado já representa 14,88% do total das exportações de alimentos brasileiros que, no ano passado, ficaram em US$ 43,4 bilhões. África do Sul, Egito, Argélia, Marrocos, Nigéria e Angola são os principais países compradores de produtos alimentícios do Brasil. As importações destes países são, contudo, basicamente de carnes e açúcar.

Segundo estudo do Rabobank, a África é a região onde o consumo de proteína animal mais cresceu nos últimos dez anos, expressivos 70,2%. O potencial de mercado para os exportadores de alimentos ainda está longe de se esgotar, de acordo com Wilson Mello, diretor de assuntos corporativos da BRF. "O continente possui uma população expressiva que ainda tem pouquíssimo acesso a proteína", diz.

Presente na África desde 2000, a BRF vê atualmente suas exportações para o continente crescerem em um ritmo de 20% ao ano em volume, um número maior que o crescimento total das exportações da empresa, que ficou em 9,6% em 2012. Já em faturamento, as vendas para a África têm crescido 32% ao ano. "A África já representa 8% do total exportado pela empresa", informa Mello. Os produtos da BRF já estão nas prateleiras de 40 países africanos e a empresa até desenvolveu uma marca específica para a região, a Confidence.

A Confidence foi pensada para ser uma marca de entrada, por meio de produtos de preço mais acessível, como mortadela e salsicha. Mas a primeira marca da BRF a chegar no continente foi a Perdix, da Perdigão, no início do século com a venda de frangos inteiros e cortes. "Começamos com produtos básicos e hoje vendemos também industrializados", diz Mello.

O fato da BRF ter estudado os aspectos culturais e sociais da África permitiram uma maior adaptação aos costumes locais e desta forma ganhar mercado, avalia o executivo. Por exemplo, na venda de frangos inteiros e em cortes, as caixas padrão da BRF possuem 17 quilos. "Porém, na África, os ambulantes não usam veículos e saem com as caixas sustentadas na cabeça para vender", diz ele. A BRF criou, então, caixas com 10 kg. "Além do peso menor é um valor redondo, mais fácil para o ambulante realizar seus cálculos na venda", diz.

Segundo dados da Copersucar, Ásia e África são as regiões do planeta onde o consumo de açúcar mais cresce. "Os países da África são tradicionais compradores de açúcar do Brasil e, com o crescimento demográfico e de renda, a demanda do produto na região tem aumentado", diz o presidente do conselho de administração da Copersucar, Luís Roberto Pogetti. Segundo ele, das 5,1 milhões de toneladas de açúcar exportadas pela Copersucar na safra 2011/12, os países da África e Ásia responderam por 40% das vendas.

Para Amaryllis Romano, analista de agribusiness e sócia da Tendências Consultoria, as exportações de carnes e açúcar são apenas a porta de entrada para outros produtos alimentícios de maior valor agregado no continente. "O crescimento da renda e a maior urbanização deverão contribuir para que as importações de alimentos continuem se expandindo e o Brasil poderá abocanhar uma fatia deste mercado", diz.



Veículo: Valor Econômico


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