'Vácuo' na oferta de boi em julho

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Depois de atravessarem um período de safra "atípico", com os preços do boi gordo em alta no primeiro quadrimestre, os frigoríficos brasileiros não devem ter vida fácil na primeira metade da entressafra - que vai de maio a novembro. Analistas consultados pelo Valor dizem que o mês de julho será particularmente difícil.

Os principais indicadores apontam para um "vácuo" na oferta de boi gordo em julho, segundo a analista da corretora FCStone, Lygia Pimentel. No mercado futuro, os contratos com vencimento em julho fecharam a R$ 99,40 na BM&FBovespa na sexta-feira. Trata-se de um "ágio" de 1,9% sobre os contratos de maio, negociados a R$ 97,50. No caso do boi, essa é uma alta significativa, conforme a analista.

"Acredita-se que vai haver um vácuo de oferta considerável em julho. O boi de confinamento não vai estar pronto e não vai ter boi de pasto", disse Pimentel. Essa avaliação é compartilhada por Daniel Latorraca, analista do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). De acordo com ele, o primeiro giro de confinamento em Mato Grosso, que abriga o maior rebanho bovino do país, foi "praticamente cancelado em todo o Estado".

No Brasil, a criação de bovinos em confinamento fica praticamente restrita à entressafra, de maio a novembro, quando o clima mais seco prejudica as pastagens. Na criação intensiva, os bois são alimentados com soja e milho, basicamente.

A criação de gado nos confinamentos é dividida em duas etapas, conhecidas como "giros". O primeiro acontece de abril a julho, e o segundo vai de agosto a novembro. O primeiro giro vazio em Mato Grosso tende a limitar a oferta de gado da primeira metade da entressafra. Além disso, com a pior qualidade das pastagens, a oferta de boi também diminui, segundo Latorraca.

Em Mato Grosso, a oferta de gado de confinamentos ficará quase toda concentrada no segundo giro. Conforme o mais recente levantamento de intenção de confinamento do Imea, os pecuaristas do Estado planejam engordar 809 mil animais no cocho, a esmagadora maioria no segundo giro, afirma Latorraca.

O baixo interesse pelo primeiro giro, diz o analista, é um resquício dos problemas de 2012. "Há uma cautela generalizada no mercado, uma vez que no ano passado, no mesmo período, tinhamos o mesmo cenário", afirma, referindo-se à perspectiva de queda dos preços do milho, que torna mais barata a ração animal e incentiva o confinamento. "O trauma do pecuarista é recente. Quem perdeu dinheiro no ano passado, lembra-se bem".



Veículo: Valor Econômico


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