Com Seara, JBS vira líder global em frango

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Aumento da dívida derruba ação da empresa; entrave jurídico pode dificultar o negócio

Duas das maiores empresas de carnes do mundo oficializaram ontem um acordo que muda o desenho do setor. A JBS, que já liderava o mercado de bovinos no mundo, comprou a Seara, divisão de aves, suínos e alimentos processados da Marfrig.

O negócio custará R$ 5,85 bilhões à JBS, que amplia a liderança global no setor de aves --posição até então dividida com a americana Tyson.

Além de 39 fábricas e 19 centros de distribuição, a JBS ficará com as marcas que pertenciam à Seara. Ganha, portanto, força no mercado de industrializados, no qual passa a ser a vice-líder, atrás da BRF, dona de Sadia e Perdigão.

Consolida ainda a sua liderança no mercado mundial de couros com a compra da Zenda, que também era da rival.

A Marfrig, por sua vez, encerra o sonho de ser uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Com a aquisição da Seara, o patrocínio à seleção brasileira e à Copa, e a compra dos ativos da BRF, a empresa construiu uma base para crescer globalmente.

Mas os resultados não vieram e, diante de um elevado endividamento, o grupo foi obrigado a vender a empresa que representa cerca de um terço do seu faturamento.

"A Marfrig comprou 43 empresas em cinco anos, o que não permitiu foco na execução dessas aquisições", afirmou ontem Sergio Rial, presidente da Seara Foods.

Com uma estrutura de capital "mais adequada", diz, a Marfrig terá foco no negócio de carne bovina no Brasil, além das operações internacionais, que não mudam.

Após a transação, a dívida da Marfrig, que atingiu R$ 13 bilhões, será reduzida em mais de 60%, segundo Rial.

O pagamento dos R$ 5,85 bilhões será feito por meio da quitação de dívidas da Marfrig assumidas pela JBS.

O impacto da operação no endividamento das duas empresas afetou as ações de ambas ontem, na Bolsa de São Paulo. Os papéis da Marfrig subiram 6,3%; já os da JBS recuaram 6,4%.

O presidente da JBS, Wesley Batista, afirmou que "a companhia tem condições de absorver, de forma confortável, esse endividamento".

NÓ JURÍDICO


Um nó jurídico pode dificultar o negócio, que precisa ser aprovado pelo Cade. Parte das marcas que serão transferidas da Marfrig para a JBS foi entregue pela BRF na troca de ativos feita em 2011 por determinação do Cade.

Mas o contrato assinado à época prevê que a Marfrig não pode, durante cinco anos, vender ou alugar essas marcas. São cerca de dez, entre elas, Rezende, Fiesta e Doriana. Segundo fontes do setor, a BRF ainda não decidiu se vai entrar na Justiça.

A Marfrig negou que o contrato apresente esse tipo de restrição. Procurada, a BRF não concedeu entrevista.



Veículo: Folha de S.Paulo


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