CVM questiona operações de derivativos do JBS

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Balanço da companhia mostra que contratos de boi gordo futuro saltaram de R$ 31 milhões em dezembro para R$ 3,2 bi em março

Uma diferença de mais de R$ 3 bilhões em operações de derivativos de boi gordo realizadas pelo frigorífico JBS durante o primeiro trimestre do ano gerou estranhamento dos reguladores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia questionou o volume da operação, registrado no balanço do primeiro trimestre do ano, que não teria parâmetro em outra companhia aberta brasileira, o que poderia indicar alguma atividade especulativa em curso.

O assunto veio à tona ontem depois que uma ata da reunião do conselho fiscal do JBS foi divulgada ao mercado, informando o teor do ofício encaminhado pela CVM, mas sem explicar em que mercado de dertivativos estaria o problema. Poderia ser o de câmbio, juros, milhos ou boi gordo, que são os registrados pela empresa em balanço.Apenas os contratos de boi gordo, entretanto, tiveram forte variação entre o intervalo de divulgação dos balanços referentes ao último trimestre de 2012 e o primeiro deste ano. Na ata do conselho fiscal, constava apenas a informação de que a explicação dada à autarquia foi de que se tratava de uma operação de hedge para defender o “patrimônio” da empresa. Nem a empresa quis esclarecer o assunto, nem a CVM.

Já os operadores do mercado futuro de boi gordo não estranharam o volume de R$ 3,2 bilhões de contratos firmes registrados em março. Ficaram intrigados mesmo foi coma posição registrada no balanço de dezembro, em que consta que os contratos de boi gordo somavam apenas R$ 31 milhões. Em dezembro de 2011, era de R$ 3,8 bilhões. Caiu para R$ 2,68 bilhões em junho, R$ 780 milhões em setembro. “R$ 31 milhões é um valor muito baixo para uma empresa do porte do JBS”, disse o corretor, que preferiu não se identificar.

Nesse meio tempo, a empresa comprou 1,5 milhão de cabeças de gado no mercado físico, o que poderia ser uma explicação para liquidação no futuro. Mas nem isso o JBS quis esclarecer e informou que “os motivos que levam a empresa a atuar mais ou menos no mercado variam de acordo comas estratégias adotadas e infelizmente não podemos detalhar nossas estratégias”.

No mercado de boi gordo, os contratos futuros são projetados em apenas 13meses, que é o ciclo de vida do animal até ser abatido. Além da expectativa de oferta, a inflação e os preços de alimentos usados para engorda afetam os contratos futuros, que estão em alta na bolsa de valores neste ano.



Veículo: Brasil Econômico


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