Autorizada a retomar as vendas à Ucrânia, a Aurora Alimentos disse "desconhecer tal procedimento" em seus negócios. "Apenas ouvimos falar do assunto por terceiros", declarou o gerente-geral de Mercado Externo, Dilvo Casagranda. "Temos na Imperial um cliente preferencial da Ucrânia de longa data". A BRF teve duas plantas reabilitadas, mas foi suscinta: "Não tenho nenhuma informação neste sentido", disse o vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello Neto. A Seara, vendida pela Marfrig à JBS, preferiu não comentar. A Alibem não respondeu a contatos por telefone e e-mail.
Autoridades brasileiras confirmam "ter ouvido comentários" sobre o assédio de Karpenko às empresas em favor da Imperial. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques, alega não saber do caso ucraniano, mas ressalva: "Isso acontece em vários casos, mas o governo não pode intervir em relações comerciais. A menos que extrapole para a relação governo a governo".
O presidente da associação dos exportadores de suínos (Abipecs), Rui Vargas, disse que o caso "não chegou" ao seu "conhecimento". "Mas não entramos em questões comerciais. Isso é da estratégia de cada um", afirmou. E lembrou que a missão ucraniana sofre "pressão da Rússia", que compra metade da carne exportada ao vizinho.
A Embaixada da Ucrânia no Brasil não respondeu, nem mesmo por e-mail, às questões formuladas pela reportagem sobre a ligação entre a missão oficial, a proposta de acordo e a participação de Karpenko nas negociações. No site do Conselho Regional de Odessa, Karpenko exibe um e-mail do Imperial Group para contatos. Ele também não respondeu à reportagem.
A associação dos exportadores de frango (Ubabef), que enfrentou - e derrubou - denúncias de dumping dos ucranianos na Organização Mundial do Comércio (OMC) no fim de 2011, acusa: "Não tenho dúvida que isso é possível. É protecionismo. Sofremos isso lá", afirmou o presidente-executivo Francisco Turra.
Veículo: Valor Econômico