Antecipação de vendas reduz oferta.
A suinocultura mineira enfrentou um cenário de preços em baixa em dezembro, o que forçou muitos produtores a antecipar as vendas para se capitalizarem. Como conseqüência, ocorreu uma menor oferta de carne suína em janeiro e nas duas primeiras semanas do ano o preço do produto registrou uma alta média de 25%, ante os valores registrados no mês passado.
Segundo o vice-presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, em dezembro o quilo do suíno vivo entregue no frigorífico ficou em torno de R$ 2,50, no período do Natal. Após a virada do ano, apenas na primeira semana de janeiro, a carne registrou alta de 12% e hoje está sendo comercializada a R$ 3,10 o quilo para os frigoríficos.
De acordo com Penna, a expectativa a curto prazo é que os preços se mantenham nesse patamar ou voltem a apresentar alguma elevação até fevereiro, adiantou o dirigente. "Já no segundo mês do ano, a tendência é de manter uma certa estabilidade podendo apresentar algumas baixas. Para abril, esperamos nova recuperação nos preços em função do aumento na demanda por carne suína em função do clima frio", projetou.
Custos maiores - Entretanto, uma das preocupações do segmento é com relação os custos que estão sendo puxados para cima por causa dos preços do milho e da soja. Segundo dados do dirigente, o farelo de soja, por exemplo, está com preço 20% superior ao mesmo período do mês anterior.
"Enquanto os suinocultores compravam o farelo a R$ 750 em dezembro de 2008, em janeiro o valor já chega a R$ 920 a tonelada. O milho, que foi comercializado entre R$ 19 e R$ 22 em dezembro, hoje gira entre R$ 20 e R$ 23 por saca", comparou.
No último ano, Minas Gerais produziu entre 380 mil e 400 mil toneladas, com o abate entre 4,5 milhões e 4,8 milhões de cabeças. Para 2009, o dirigente estima uma alta entre 3% a 4% no plantel, com possibilidade de chegar a 420 mil toneladas de carne suína produzidas no Estado. "O consumo também foi incrementado, chegando a 22 quilos per capita ante os 21 quilos consumidos por pessoa no ano anterior", comparou.
Exportações - No caso das exportações, a crise financeira internacional atrapalhou os negócios do setor. Apenas em dezembro, as vendas externas de carne suína registraram pouco mais de 25 toneladas em função dos boatos do agravamento da crise financeira internacional, explicou Penna.
Enquanto isso, em setembro as exportações chegaram a 50 mil toneladas. "Apenas a Rússia responde por 40% da demanda desta carne. As exportações do Estado devem ter girado entre 15 mil toneladas e 20 mil toneladas no decorrer de 2008, algo entre 3% e 4% do total nacional", comparou.
Segundo Penna, a confiança no mercado interno é mais forte que nas exportações neste exercício, mas ele não descarta a abertura de novos mercados no decorrer do ano para reforçar os embarques da carne suína. "O Brasil consome entre 2,4 milhões e 2,5 milhões de toneladas por ano. Em Minas, o consumo deve ter chegado a 385 mil toneladas no ano anterior", destacou.
Veículo: Diário do Comércio - MG