Segmento perde rentabilidade.
Os custos de produção da pecuária de corte em Minas Gerais e no país ao longo do primeiro semestre apresentaram alta de 2,48% e 4,52%, respectivamente, enquanto os preços pagos pela arroba do boi gordo não acompanharam a evolução. O aumento dos gastos com a mão de obra, insumos, medicamentos e animais de reposição estão comprometendo a rentabilidade da atividade, o que deve continuar ocorrendo devido à desvalorização do real frente ao dólar.
Para o coordenador técnico de Bovinocultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), José Alberto de Ávila Pires, a tendência para os próximos meses é de novas altas nos custos da produção mineira, já que a desvalorização do real frente ao dólar impacta diretamente nos preços de produtos importados, como os medicamentos usados na atividade.
"A grande preocupação do setor está relacionada à rentabilidade. No primeiro semestre os custos em Minas Gerais subiram, os preços não acompanharam e o pecuarista ficou com o prejuízo. Com a valorização da moeda norte-americana a situação pode se agravar, já que vários insumos importados, como adubos, medicamentos e defensivos, que são amplamente usados na atividade, também terão os valores reajustados enquanto a cotação da arroba vem se mantendo estável", diz Ávila Pires.
De acordo com dados do informativo "Ativos da Pecuária de Corte", elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em Minas Gerais a alta no Custo Operacional Total (COT) ficou em 2,48% e o Custo Operacional Efetivo (COE) subiu 1,78%.
O levantamento da CNA e do Cepea mostra também que, na média do Brasil, o COE subiu 4,5% e o COT, 4,52%, no primeiro semestre de 2013. Entre janeiro e junho de 2012, esses custos haviam subido 2,28% e 2,94%, respectivamente. No acumulado de 2012, a variação positiva do COE foi de 2,85% e do COT, de 4,36%. No mesmo intervalo de 2013, os preços do boi gordo subiram 2,81%. O estudo é baseado na análise da atividade nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Tocantins.
Entressafra - Com base neste cenário, os pecuaristas têm calculado o número de animais que serão confinados até o final do período de entressafra, quando o tempo frio compromete a qualidade das pastagens, obrigando os pecuaristas a buscarem outro sistema de engorda para seus rebanhos.
Para a CNA/Cepea, o momento é de cautela, porque, além dos fatores macroeconômicos que têm se mostrado mais preocupantes, há também dúvidas sobre os preços dos insumos, que podem ter alta significativa em função do dólar.
Em Minas, segundo Ávila Pires, os preços da arroba do boi gordo vêm se mantendo estável com média variando entre R$ 90 e R$ 94 por arroba. A tendência, para os próximos 90 dias, é de manutenção do cenário atual, já que o período é ôde pico de safra do boi gordo de confinamentoõ.
"Não temos perspectivas de valorização da arroba do boi gordo em Minas, já que os pecuaristas estão disponibilizando animais para o mercado, o que força a estabilização dos preços. Um fator favorável para o confinamento no ano atual é a alta oferta do gado e a redução dos preços do milho, principal insumo da atividade que em 2012 teve os preços alavancados devido a oferta escassa", ressalta.
Veículo: Diário do Comércio - MG