O grupo JBS Friboi negou ontem que estaria em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para conseguir financiamento que seria destinado à compra do Bertin, o segundo maior frigorífico do Brasil. De acordo com a assessoria de imprensa do JBS Friboi, a informação foi considerada pela diretoria da empresa apenas boato. A assessoria acrescentou que qualquer informação sobre a empresa é comunicada "imediatamente ao mercado".
Em comunicado interno, a diretoria da Bertin também desmentiu a notícia sobre a eventual venda do frigorífico. O grupo atribuiu as especulações a seu respeito ao destaque obtido pela empresa nos setores em que atua.
Em declarações recentes, o presidente da JBS Friboi, Joesley Batista, descartou grandes aquisições neste ano, afirmando que o principal objetivo do grupo é apresentar números consolidados este ano, com cautela.
América do sul. Batista, no entanto, admitiu que há boas oportunidades de aquisição na América do Sul, mas não detalhou quais seriam os principais alvos. Para analistas de mercado, compra do porte da operação que envolveria a Bertin não faria sentido neste momento.
O Friboi passa por período de redução do grau de alavancagem financeira, facilitada pela alta do dólar em relação ao real, e a estratégia vem sendo bem recebida pelo mercado diante do cenário de crise internacional.
Entre o segundo e o terceiro trimestre de 2008, a empresa conseguiu reduzir em 0,5 vez a relação dívida líquida/Ebitda, que ficou em 2,3 vez ao final de setembro.
Analista de mercado que prefere não ser identificado acredita que a compra da Bertin poderia tornar-se possibilidade para o Friboi apenas caso a compra da National Beef, nos Estados Unidos, não seja concluída.
Justiça americana. A operação de compra da National Beef é contestada na Justiça americana. "Nesse caso, a empresa teria sobra de caixa e poderia fazer aquisição grande sem prejudicar muito o seu grau de alavancagem", disse o especialista. O acordo de aquisição da National Beef previa o pagamento de US$ 560 milhões pela empresa americana, excluindo dívidas.
Pelas estimativas dos executivos do frigorífico, a conclusão do processo pode demorar seis meses.O analista Peter Ping Ho, da Planner Corretora, acrescenta que a compra do Bertin pelo Friboi pode encontrar resistências no Cade.
"A união dos dois maiores frigoríficos do País resultaria monopólio do preço, o que poderia prejudicar tanto os produtores como os consumidores", disse o analista.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ