O presidente da J&F, controladora da JBS, Joesley Batista, disse ontem, após palestra no Maratona Valor PME 2013, evento promovido pelo Valor em São Paulo, que "nunca achou que o Brasil estivesse uma maravilha", como se falava há alguns anos, mas ponderou que o país também "não está tão ruim quanto se pinta".

Um sinal do otimismo em relação ao Brasil, disse Batista, é que a JBS, maior frigorífico do mundo, acaba de comprar a Seara Brasil da Marfrig Alimentos. "Acreditamos que [o país] está funcionando", acrescentou. "As pessoas, às vezes, são mais otimistas do que deveriam, e às vezes, mais pessimistas do que deveriam", afirmou.

A JBS adquiriu a Seara em junho deste ano, numa operação que envolveu a assunção de R$ 5,8 bilhões em dívidas. Batista lembrou ainda o investimento de R$ 6 bilhões da J&F na produtora de celulose Eldorado, inaugurada no fim do ano passado.

Para ele, o atual cenário econômico brasileiro reflete um mundo em desaceleração, já que os fatores que ajudaram as economias emergentes após a crise financeira "não estão tão bem". "A China tinha crescimento de dois dígitos e as commodities tiveram picos históricos de alta", lembrou. No atual cenário menos favorável, o Brasil está sendo afetado. "Somos produtores de commodities, acabamos sofrendo mais", disse.

Sobre um eventual rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco, o presidente da J&F disse que a possibilidade "é efeito do que o mercado está olhando" na economia brasileira, como a piora na balança comercial e na situação fiscal do país. Ele disse, porém, que a piora no quadro fiscal já era esperada em função da desoneração de alguns setores da economia. "Não se pode esperar melhorar a situação fiscal desonerando".

O empresário não fez previsões para o comportamento do câmbio, mas disse que o "real vai acompanhar o movimento mundial". Na avaliação de Batista, se os EUA se recuperarem e o governo americano puser fim à "enxurrada de dólares" no mercado, a moeda americana vai subir em relação a outras divisas, inclusive o real.

Joesley Batista também afirmou que "é natural que haja especulação [em relação às eleições presidenciais em 2014], mas o Brasil está bem". Para explicar sua avaliação de que o país " está bem", o empresário usou uma metáfora futebolística. "Os três titulares são bons, e os reservas também", disse, referindo-se aos prováveis candidatos à presidência. Os titulares, para Batista, são a presidente Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos. Os reservas são, respectivamente, Lula, José Serra e Marina Silva.

O presidente da J&F disse não ver "ameaças" à economia em nenhum desses nomes. "O Brasil está amadurecido, não há espaço para aventuras", afirmou.



Veículo: Valor Econômico