O Frigorífico Independência conseguiu chegar a acordo com os detentores de títulos de dívida emitidos pela empresa para alterar duas regras na documentação que rege esses papéis. A primeira alteração foi no nível máximo de alavancagem da empresa, necessário para realizar ajuste diante da valorização do dólar em relação ao real.
No final do terceiro trimestre e parte do quarto trimestre de 2008, 85% da dívida do Independência estavam em dólar. Com a desvalorização do real no final do terceiro trimestre, a dívida convertida em moeda local aumentou muito, ampliando o nível de alavancagem.
A segunda mudança foi na regra que caracteriza mudança no controle da empresa. Pela regra vigente, se a família que controla o Independência tivesse menos de 50% das ações, esse fato deixaria caracterizado mudança no controle, o que permitiria que os detentores dos títulos exigissem o resgate imediato.
Essa regra de controle acionário limitaria, por exemplo, eventual emissão de ações da ordem de 25%, já que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já possui cerca de um terço do capital da empresa.
Os títulos de dívida do Independência estão divididos em dois grupos. O primeiro, no valor de US$ 300 milhões, vence em 2015. Já o segundo, soma US$ 225 milhões e tem vencimento em 2017. Para obter o consentimento e poder mudar as regras, a empresa precisava da autorização dos detentores de um valor equivalente a pelo menos 50% de cada grupo de título.
Para os títulos que vencem em 2015, o consentimento obtido foi de um valor equivalente de 82,6%, enquanto para os de 2017 foi de 70,4%. Além da autorização para a mudança nas regras, o Independência fez proposta para recomprar parte dessa dívida, limitando-se a 27,5% do total de cada título.
No caso dos títulos de 2015, os detentores dos papéis já demonstraram interesse em vender para o Independência 26,4% da dívida. No caso dos títulos de 2017, a recompra até o momento será de 23,8%.
A oferta de recompra vai até o próximo dia 18, mas o bônus de US$ 30 por lote de mil notas foi pago para quem manifestou o interesse de venda até terça-feira última.
O frigorífico irá trocar parte da dívida em dólar por real. O valor equivalente a recompra dos títulos, do prêmio pago para quem ofereceu o consentimento para as mudanças e todas as taxas bancárias, será financiado pelo Citibank e pelo Santander. O valor final só será divulgado após a conclusão do processo. A taxa de financiamento está relacionada ao CDI.
Não foi divulgado quando será feito o pagamento da dívida Foi informado apenas que será realizado no médio prazo, com estimativas de que seja feito em três anos.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ