Volume exportado é de pouca importância financeira para o setor, mas posiciona o produto nacional entre os melhores do mundo; expectativa é que outros mercados sejam abertos em 2015
A venda de carne suína ao maior exportador global, algo nunca visto anteriormente, fortaleceu ainda mais o produto brasileiro. Foram apenas 25 toneladas embarcadas na última semana, que podem impactar na abertura de países que estão no radar do setor, como Coreia do Sul e México.
Após cerca de três anos de negociações com os norte-americanos e audiências públicas no país, a carne in natura foi enviada para suprir uma lacuna de quase 3% no rebanho interno, causada por uma doença, e atender a demanda doméstica. O presidente da Cooperativa Central Aurora, Mário Lanznaster, conta que a representatividade financeira é o que menos importa nesta operação.
"Estados Unidos são um país muito exigente em qualidade. O mercado saber que eles estão comprando do Brasil faz com que outros países adotem a mesma prática. É bom para o País e mais ainda para o produtor", explica o líder da unidade responsável pelos primeiros embarques aos norte-americanos.
Vendas externas
Em relação à venda em si, trata-se de um processo que pode surpreender ou estagnar, "mas no momento em que o Brasil chega ao nível de colocar este produto nos Estados Unidos, só isso já melhora a condição de negociações brasileira", acrescenta o vice-presidente do segmento de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas.
Lanznaster lembra que há outro embarque previsto para dezembro, de mais 25 toneladas. Segundo ele, os frigoríficos da BRF e da JBS Foods também devem entrar nos lotes de exportações. De acordo com o Ministério da Agricultura, as plantas habilitadas até o momento são da Aurora, em Chapecó, e da BRF, de Herval do Oeste, ambas localizadas em Santa Catarina. Os países que normalmente atendem as demandas norte-americanas são o Canadá e Dinamarca.
"Hoje o estado exporta bem para o Japão e ainda focamos a Coreia de Sul, onde esperamos a abertura em 2015. Mesmo assim, neste ano devemos fechar com 79% da produção no mercado interno e 21% em exportações", estima o presidente da Aurora.
A cooperativa, que conta com 62 mil famílias de produtores e 23 mil funcionários, abate 18 mil cabeças de suíno por dia. São 1,584 toneladas diárias que devem gerar um faturamento na casa de R$ 6,6 bilhões para 2014.
Além da Coreia, Vargas destaca o México como país em negociação para abertura de mercado no setor. No ano, a Rússia liderou as compras com 153,2 mil toneladas até outubro e geração de uma receita de US$ 682,79 milhões.
Perspectivas de mercado
"Sabemos que os preços que foram exercitados entre setembro e outubro são momentos e já esperamos, para meados de janeiro, uma pequena redução. Já podemos ver isso pelos contratos que estão sendo fechados agora para início do ano, com níveis mais baixos", afirma o vice-presidente da ABPA.
Preparados para um aumento de demanda sazonal no decorrer de dezembro, os criadores ajustaram os níveis de produção, acarretando crescimento da oferta em outubro e recuo de preços neste mês.
"É um processo de formação de estoques. Estamos falando de uma média mensal de 2,7 milhões de animais para o ano, que subiu para 3,4 milhões em outubro. Agora os preços no Centro-Sul estão em torno de R$ 4,18 por quilo", explica o analista da consultoria Safras & Mercado, Alan Hedler.
Vargas destaca que a oferta extremamente ajustada à demanda chegou a fazer com que o País não conseguisse atender todas as solicitações do mercado internacional e agora o setor precisa de fôlego para produzir. "Quando o consumo externa estagnar, vamos ter um aquecimento interno. Enquanto houver essa alternância estaremos satisfeitos".
Dados da ABPA mostram que houve redução de 6,40% no volume embarcado e crescimento de 15,58% no faturamento, na comparação com janeiro a outubro de 2013. No mês passado, as exportações foram 50,8 mil toneladas com uma receita de US$ 198,28 milhões, queda de 2,19% no volume exportado e ganho de 38,89% em receita.
Veículo: DCI