Empresa alegou que as razões para a desativação não se alteraram
O comando da companhia Marfrig Global Foods descartou, ontem, que possa revisar a decisão de fechar o frigorífico de abates de bovinos de Alegrete. Em comunicado enviado à Secretaria Estadual da Agricultura, o presidente do Marfrig Global Foods, o uruguaio Martín Secco, que assumiu o cargo na semana passada, alegou que as razões de mercado para a desativação, prevista para começo de fevereiro, não se alteraram e que o fechamento temporário está mantido. O principal executivo do grupo reafirmou que a resolução para fechar foi tomada em setembro de 2014 e que havia sido postergada à espera do aumento da oferta de matéria-prima. Pela nota, Secco indica que a produção ficará concentrada nas unidades de São Gabriel, Bagé (as duas de abates) e em Hulha Negra (de corned-beef).
A companhia reconheceu os esforços de áreas do governo e de setores da economia (produtores rurais e trabalhadores) para “tornar a planta sustentável”. “Apesar de vários esforços, a planta permanece deficitária e sem perspectivas de mudanças no curto e no médio prazo, considerando as variáveis de mercado”, argumentou Secco, que aposta em crescimento e até geração de empregos nos frigoríficos restantes. Desde 2012, o Marfrig desativou três plantas no Estado (Mato Leitão e Capão do Leão tiveram contratos de locação desfeitos). A unidade de Alegrete parou no começo do mês, devido a férias coletivas dos mais de 600 empregados. As rescisões estão previstas para começar em 4 de fevereiro.
O secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, a quem foi endereçado o comunicado do presidente do Marfrig, disse que os esforços que eram possíveis foram feitos e que a alternativa agora é buscar um interessado em assumir a planta. A companhia aluga a unidade, que integra a antiga Cooperativa Rural Alegretense, e não informou se pretende liberar o espaço. Na nota, a direção fala em paralisar temporariamente. “Vamos seguir com outras possibilidades. Fizemos o que foi possível”, salientou Polo. O titular da Agricultura disse que o decreto, publicado no fim do governo Tarso Genro (PT) com incentivos fiscais ao grupo (importações e vendas interestaduais), pode ser estendido a outros operadores. A Secretaria do Trabalho deve buscar medidas para realocação dos demitidos e qualificação profissional. Os salários pagos pelo frigorífico somam cerca de R$ 500 milhões anuais, e os impostos geram retorno de R$ 4 milhões ao município.
Veículo: Jornal do Comércio - RS