Peixe brasileiro pode ocupar mercado do salmão

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Os peixes exóticos da amazônia como o surubim, o tambaqui e o pintado da amazônia podem ganhar espaço no mercado internacional, junto com o já conhecido beijupuirá, por meio da "janela" aberta pelo Chile. Conhecida como anemia infecciosa do salmão (ISA), a doença que atingiu o país vizinho em 2007 e 2008 deverá derrubar em mais da metade o potencial de produção nos próximos anos e abrir espaço em um mercado que consome cerca de 500 mil toneladas de peixe anualmente. A indústria de peixes também possui a seu favor a valorização do dólar frente o real nos últimos meses, o que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. De olho nesse filão, algumas empresas já projetam novas contratações e apostam na consistência do consumo internacional.

 

"Essa janela não pode ser desprezada porque espera-se uma queda de cerca de 80% na produção do salmão chileno nos próximos anos", destacou Reinaldo Pinto dos Santos, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Peixes Marinhos (Abrapema). Para ele, a produção de peixes marinhos confinados - especialmente o beijupirám - pode ser a mais beneficiada, pois é a única que possui condições em atender a demanda. "As exportações precisam de oferta e regularidade. Só a aquicultura é capaz de oferecer isso", ressaltou.

 

Segundo Santos, a doença foi causada porque a espécie cultivada no Chile é considerada exótica. "Essas espécies são mais sensíveis por causa da dificuldade de adaptação, o que não ocorre com a nossa". Ele revela que o mercado externo é consolidado e consome aproximadamente 500 mil toneladas de peixes marinhos por ano. No entanto, alerta que o excesso de burocracia para liberação de fazendas marinhas vai prejudicar o setor. "Vários investidores desistiram do setor por causa das dificuldades de exploração", disse. A primeira licença para exploração foi entregue em janeiro deste ano após oito anos de avaliação. O presiden-te da Abrapema diz ser difícil calcular o aumento da demanda. "Crescerá de acordo com aquilo que nossa produção comporta". A última estimativa feita pelo governo federal apontava uma produção de 270 mil toneladas anualmente no Brasil. Alheia a esse contexto, a Nativ, empresa brasileira com sede em Sorriso (MT), projeta um 2009 positivo. A expectativa do presidente da companhia, Pedro Furlan Cavalcanti, é que os primeiros embarques para o mercado externo sejam feitos no segundo semestre deste ano. "Nossa meta é atingirmos R$ 20 milhões com as exportações no primeiro ano", prevê. Ele cita como consumidores potenciais os Estados Unidos, a europa e os países árabes. "Já fizemos os contatos e vamos enviar um lote para teste". A companhia possui capacidade de abater 15 toneladas de matéria-prima por dia. A produção é focada nos peixes da bacia amazônica, como o tambaqui, o pintado da amazônia e o surubim.

 

Cavalcanti observa que a partir do próximo semestre, um novo turno será inaugurado para atender demanda. Porém evitou falar em volume de contratações. Atualmente, a companhia emprega cerca de 220 funcionários em uma área construída de 112,5 hectares. O faturamento para o primeiro ano é projetado em R$ 50 milhões. Segundo informou, a proximação com potenciais compradores é feita com antecipação porque a liberação dos embarques leva em média de 60 a 90 dias. "Assim antecipamos todo o processo". Ele acescenta ainda que a liberação para embarques à União Europeia já foi solicitada.

 

Seguro Aquícola

 

O potencial de crescimento da aquicultura no Brasil atraiu neste ano a primeira empresa disposta a oferecer cobertura à produção. A inglesa RSA Seguros, mais conhecida como Royal & SunAlliance, é líder no mercado internacional de seguros aquícolas e oferece, inclusive, cobertura contra parasitas, bactérias e vírus. Segundo informações da companhia, o País possui um potencial de emitir R$ 3 milhões em prêmio até 2011. Líder mundial nesse produto, a empresa fatura US$ 20 milhões em prêmio anualmente com a atuação em pouco menos de 20 países.

 


Veículo: Gazeta Mercantil


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