A empresa gasta US$ 1,1 bilhão com aquisições no exterior. Mas, se depender de Abilio Diniz, o apetite não acabou.
Promessa feita é promessa cumprida. Abilio Diniz surgiu na vida da BRF como presidente do conselho de administração em abril de 2013, prometendo internacionalizar a empresa. Se haviam dúvidas se isso se tornaria realidade, elas foram dirimidas na semana passada. Mesmo em um período de real enfraquecido frente ao dólar, a BRF anunciou aquisições em três países que somam quase US$ 500 milhões. “Estamos transformando a BRF numa companhia global”, afirmou Diniz, em conferência com jornalistas, na quarta-feira 2.
“Não somente numa exportadora, mas numa companhia com plantas produtivas esparramadas em vários países.” A expectativa é trazer US$ 600 milhões adicionais de faturamento para 2016, dobrando a capacidade de produção fora do Brasil, para 4% do total. No ano passado, a empresa faturou R$ 29 bilhões, com 47% de exportações. Da argentina Pampa Agribusiness, a BRF comprou a Campo Austral, a segunda maior produtora local de carne suína. Também adquiriu a britânica Universal Meats, que distribui alimentos para restaurantes e pubs no Reino Unido.
Mas a tacada mais ambiciosa foi a compra, por US$ 360 milhões, da tailandesa Golden Foods Siam, que era controlada pela Narvis Capital, e que possui operações na Ásia e na Europa. Esse alto investimento no Sudeste Asiático se justifica por posicionar a companhia num mercado que vinha se tornando um concorrente cada vez mais forte do frango exportado pelo País. “O Brasil e a Tailândia acessam de forma complementar os mercados mais importantes na área de frango”, disse Pedro Faria, CEO da empresa.
“Agora, a BRF passa a ser a única empresa do planeta a atender seus clientes globalmente, na Ásia e na Europa, de forma sinérgica. E o negócio mostra um deslocamento do eixo da companhia para o Sudeste Asiático.” Com as transações anunciadas na semana passada, a companhia acumulou US$ 950 milhões em aquisições nos últimos dois anos e na criação de joint ventures internacionais. Além disso, a BRF investiu US$ 160 milhões na abertura de sua primeira fábrica no Oriente Médio, inaugurada em novembro do ano passado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Apesar dos fortes gastos, a companhia admite que o movimento de internacionalização ainda não acabou. A aprovação do seu plano de investimentos para 2016 está marcada para o dia 17 de dezembro. E ele deve contemplar um orçamento para novas aquisições, já que a BRF tem meta de atingir 25% de sua capacidade produtiva fora do Brasil. “Tudo isso acontece num momento de dificuldade, no Brasil”, afirmou Diniz, que defende que a empresa, no entanto, tem alcançado um desempenho local satisfatório. “Crescemos 3% no mercado interno em tonelagem, num ano em que o consumo das famílias brasileiras está decrescendo.”
Veículo: Revista IstoÉ Dinheiro