Sadia confirma que está em negociações com a rival Perdigão

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Em comunicado, empresa diz que analisa a ''viabilidade e a convergência de interesses'' em uma associação

 

Desde que anunciou uma perda de R$ 760 milhões com derivativos cambiais, em setembro, a Sadia vem sendo alvo de muitos rumores. Um dos mais persistentes era de que a empresa poderia se fundir com a rival Perdigão, movimento considerado por todo o mercado com um negócio dos mais difíceis. Ontem, porém, a Sadia admitiu pela primeira vez que as duas empresas estão, pelo menos, conversando sobre isso.

 

Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Sadia diz que vem analisando "diversas operações de natureza societária". "Nesse âmbito, incluem-se também a realização de entendimentos recentes com a Perdigão, com vistas a analisar a viabilidade e a convergência de interesses em algum tipo de associação."

 

O comunicado veio depois de as ações da empresa subirem 2,15% no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), após a informação da revista Veja de que as empresas estavam conversando. Os papéis da Perdigão tiveram um desempenho ainda melhor, com alta de 2,35%, em um dia em que a bolsa recuou 1,05%.

 

A grande busca da Sadia é por uma forma rápida de capitalização. A empresa já negociou com vários fundos de investimento, e estava disposta a vender pelo menos 20% do capital. Mas nenhuma das negociações foi à frente. Em entrevista ao Estado dada no mês passado, o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, afirmou que todos os possíveis sócios queriam pagar pouco para ter muito da empresa. O executivo afirmou que iria esperar o anúncio dos resultados do quarto trimestre, quando todos conheceriam a real situação da empresa, para voltar à mesa de negociações.

 

Ele disse acreditar que a nova regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que obriga as empresas a reconhecerem no balanço todos os compromissos negativos futuros, dará mais transparência aos números da Sadia, permitindo uma avaliação mais fiel da atual situação da empresa. "Uma vez reconhecido o lado negativo no balanço, daí para frente vai ser ?business as usual? (negócios normais). Vai ficar mais claro o que a companhia é realmente, sem a poluição desse desastre (dos derivativos)."

 

Contratado para apagar o "incêndio" do caso dos derivativos na empresa da família, Furlan afirmou que a família não via problemas em abrir mão do controle, mas disse que a questão era a que preço. "Fomos educados para sermos acionistas e não controladores", disse. Questionado sobre uma eventual fusão com a Perdigão, Furlan declarou: "É uma tarefa de Hércules. Seria como unir Corinthians e Palmeiras. Não basta unir os jogadores, tem de juntar também a Gaviões e a Mancha Verde, o que, convenhamos, não é fácil."

 

Para o consultor da área de alimentos Enzo Donna, uma eventual fusão entre Perdigão e Sadia poderia ser positiva, mas também trazer alguns problemas do ponto de vista operacional, já que há muita duplicidade de operações.

 

Para um executivo do setor de alimentos, esse é um negócio difícil por natureza, mas que se torna ainda mais complicado por causa do atual cenário econômico e por causa da delicada situação financeira da Sadia.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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