No Paraná e em Santa Catarina, houve casos de animais mortos devido à falta de insumos
Preocupados com a queda do desempenho do setor em todo o País, produtores de frango gaúchos devem se reunir, na próxima semana, com o titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi. O grupo, representando pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e pelo Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas no Estado do Rio Grande do Sul (Sipargs), pretende sensibilizar o ministro para que sejam implementadas políticas de incentivo à produção de milho, uma vez que, historicamente, a exportação do grão tem levado parte do cereal que seria utilizado como ração do mercado interno. Também será pleiteado ao governo federal que passe a regular os contratos de exportações e os estoques de milho (que, segundo as entidades, são muito baixos, girando em torno de 600 mil toneladas/ano), além de conceder isenção de PIS e Cofins para a aquisição do grão pelos avicultores. Anualmente, o setor precisa importar entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de toneladas de milho por ano.
"Qualquer ajuda é bem-vinda, porque o preço dos insumos para importação está inflacionado, e isso inclui não só o milho, mas também o farelo de soja, em vista de grande especulação", explica o presidente da Asgav, Nestor Freiberger. Segundo o dirigente, o desabastecimento está gerando sérios problemas, que já amarga queda de 2% da produção nacional. "Inclusive, ocorreram casos de aves morrendo de fome no Paraná e em Santa Catarina", disse. Ele destaca que, no Estado, já ocorreu o diferimento de ICMS para a compra de milho. "Mas é preciso um conjunto de forças para que o setor supere este cenário negativo, e iremos trabalhar para isso." Para Freiberger, o período é de cautela e busca de mecanismos que possam atenuar o impacto da alta dos insumos para avicultura. "O momento é delicado, pois também houve retração no consumo interno."
Se, em anos anteriores, o setor avícola era um sustentáculo da economia, principalmente em períodos de crise - em vista de que os preços da carne de frango e ovos eram mais acessíveis -, os repasses de custos que têm ocorrido são um desafio. "Ainda nem ocorreram altas mais drásticas, porém, se o mercado de grãos continuar em alta desregrada, haverá reajustes mais severos, em torno de 20% a 30%", informa o diretor executivo do Sipargs, José Eduardo dos Santos. "Temos esperança de que isso vá se solucionar, mas é preciso que o governo faça registros de exportações futuras, para que as agroindústrias possam gerenciar e se planejar melhor." Conforme os dirigentes, recentemente, dois frigoríficos fecharam no Estado, impactando em 450 postos de trabalhos diretos. Hoje,o setor produz 1,7 milhão de toneladas de carne de frango e 3 bilhões de unidades de ovos, gerando 40 mil empregos diretos e exportando mais de 700 mil toneladas de frango e 5,3 milhões de quilos de ovos.
Veículo: Jornal do Comércio - RS