Produção de tilápia aumentou 9,7% no Brasil no ano passado, segundo o IBGE; produtores de pescado ainda sofrem com o elevado preço da ração
Investir em peixes nativos pode ser um excelente negócio. Esse mercado cresce a taxas bem superiores ao da tilápia, o que mostra que o peixe nativo já caiu no gosto do brasileiro. A afirmação é do chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre Freitas.
Segundo ele, enquanto o mercado de tilápia cresce a uma taxa de 17% ao ano, o de alguns peixes nativos como o Pirarucu, por exemplo, cresce a 25% ao ano.
"Mas é preciso admitir que o mercado persegue algo similar à tilápia [filé porção sem espinhas]. Isso significa que teremos que evoluir no sistema de produção para que as espécies nativas ofereçam essas mesmas possibilidades", afirma Alexandre.
A produção de tilápia no Brasil aumentou 9,7% em 2015 e chegou a 219 mil toneladas entre janeiro e dezembro. O peixe é o mais criado pela piscicultura no País e chega a 45,4% do total da produção total. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa da Pecuária Municipal.
A produção de tilápia no Brasil está concentrada principalmente em quatro estados, sendo o Paraná o maior produtor, com 28,8%. São Paulo produz 13,2%, seguido por Ceará, com 12,7%, e Santa Catarina, com 11,4%.
A cidade cearense de Jaguaribara é a líder na criação de tilápia, com 13,8 mil toneladas do pescado, o que equivale a 6,3% da produção nacional. Sua produção teve uma queda em relação a 2014, por causa da baixa do reservatório e da falta de oxigenação no açude Castanhão. Os problemas causaram a perda de 3 mil toneladas do pescado.
Produção cresce 1,5%.
O desempenho dos criadores de tilápia contribuiu para que a produção de peixes no Brasil crescesse 1,5% em 2015. Foram produzidas durante o ano 483,2 mil toneladas, com um valor de mais de R$ 3 bilhões. Rondônia responde por 17,5% dessa produção e por 18,5% do valor gerado pela piscicultura.
Enquanto a tilápia é mais produzida no Sul, Sudeste e Nordeste, no Norte os peixes conhecidos como redondos são os mais criados, como o tambaqui, tambacu e pacu.
O tambaqui foi o segundo peixe mais produzido no Brasil em 2015, com 135 mil toneladas, peso que corresponde a 28,1% da produção brasileira.
Para o pesquisador da Embrapa, o que se verifica nas gôndolas dos supermercados é que a maioria dos pescados é vendida no formato de filé em posta. "O consumidor quer praticidade", diz. Além disso, uma pesquisa do IBGE realizada em 2010 mostrou que 55% do consumo de peixes é feito fora das residências.
"Talvez o grande mercado para o peixe nativo não seja o doméstico, mas o mercado gourmet", constata Freitas.
Além do uso de espécies nativas no mercado gourmet, outras tendências apontadas pelo pesquisador são o uso de peixes nativos pela gastronomia asiática, como os restaurantes especializados em comida japonesa.
Veículo: DCI